terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Estudos Bíblicos



IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
                                                            Em Feira de Santana -BA

 Tema: Vida cristã
 Título: Adoção
 Texto: “ Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! (Rm 8.15);
“para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” (Gl 4.5)    e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, (Ef 1.5)

Introdução
      Essa palavra (usada apenas por Paulo) não ocorre na Bíblia como termo técnico legal no seu sentido moderno, pois, na sociedade semítica a relação de sangue não era para a possessão de privilégios da família. O pacto com Abraão e sua posteridade “ Disse mais Deus a Abraão: Ora, quanto a ti, guardarás o meu pacto, tu e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações”. (Gn 17.9) foi válido não apenas para aqueles que nasceram de Abraão, mas igualmente para os escravos comprados de raças estrangeiras “ À idade de oito dias, todo varão dentre vós será circuncidado, por todas as vossas gerações, tanto o nascido em casa como o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua linhagem. ( Gn 1712). A palavra hebraica para pai (ãbh) não implica tanto em paternidade física como em protetor e nutridor. De fato as palavras “pai dos órfãos” explica exatamente o que significa essa paternidade.
     A descoberta doa arquivos de Nuzi, tem lançado alguma luz sobre a forma semítica de adoção, que anteriormente não se pensava existir. Em Nuzi era costume que um casal sem filhos adotasse um filho, o qual os serviria enquanto vivessem e os sepultaria quando morressem, recebendo como recompensa a herança, ainda que qualquer filho nascido do casal após a adoção se tornasse o principal herdeiro. Algum procedimento identificado com a relação que existia entre Abraão e Eliezer “ Então disse Abrão: Ó Senhor Deus, que me darás, visto que morro sem filhos, e o herdeiro de minha casa é o damasceno Eliézer? (Gn 15.2).
   
A posição dos genuínos crentes
     Em (Rm 8.15) “ Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!” é dito que os genuínos crentes receberam “o espírito de adoção” quer dizer, o Espírito Santo que,  dado como as primícias, os primeiros frutos de tudo o que será dos crentes, produz neles a realização de filiação e as atitude pertencentes somente aos filhos. Em (Gl “ 4.5) “  para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.
    A adoção no sentido bíblico, portanto, caracteriza-se pelos seguintes fatos:    os genuínos crentes recebem uma persuasão íntima concedida pelo Espírito Santo de Deus, o qual, não deixa nenhuma dúvida em seus íntimos, de que se tornaram filhos de Deus. Conforme (Rm 8.16 ) “ O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus;” e também recebem uma íntima persuasão que não são, em si mesmos, dignos dessa grande honra, que essa honra dar-se exclusivamente pelo amor de Deus manifestada na graça salvadora de Jesus Cristo nosso Senhor.

1.Origem e significado da palavra
A origem da palavra adoção no grego “ huiothesia”, formado de huios, que significa filho e thesis que significa posição cognato de de thitemi. Significa o lugar e a condição de filho dados aquele a quem não lhe pertence por natureza, como já dito a palavra somente é usada na teologia Paulina.
 Na nossa língua o substantivo adoção, deriva do verbo adotar que significa tomar, assumir, aceitar,usar, resolver, receber como filho.

2. A natureza da adoção  ((João 1.11-12)
       Existe uma diferença acentuada entre filho legítimo e filho adotivo, embora todos tenham o mesmo direito. Na visão da bíblia, o homem e a mulher são criaturas e não filhos de Deus. Para se tornarem filhos de Deus, eles precisam ter um relacionamento muito mais estreito com o Senhor Deus. Essa posição é defendida por João, seu  evangelho explícita sobre o assunto (texto acima). Antes da fé salvadora, eles são apenas criaturas de Deus; depois, são criaturas e filhos de Deus.
       No sentido jurídico, adoção é o ato de alguém receber uma criança como seu próprio filho, como fez a princesa egípcia, ao criar Moisés “ Quando, pois, o menino era já grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o [adotou]; e lhe chamou Moisés, dizendo: Porque das águas o tirei. (Êx 2.10). É também o caso de José, que fez de Jesus o seu próprio filho adotivo “ Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas? (Mt 13.55). No antigo Império Romano, quem não tivesse filho, poderia adotar alguém do sexo masculino e a pessoa adotada tornava-se nova criatura.
       No sentido teológico, adoção é o ato gracioso de Deus pelo qual os pecadores são reunidos à família dos redimidos, podendo então chamar Deus de “Aba” (pai) e os outros igualmente remidos, de “irmãos”. Porque o pecado rompeu a relação inicial entre Deus e a criatura e porque Jesus fez a ponte outra vez, o pecador arrependido e justificado recebe o direito de se tornar filho de Deus. Trata-se de uma verdadeira adoção: Deus nos escolhe “para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo”  Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! “                                       (Rm 8.15). para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” (Gl 4.5) “ e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, (Ef 1.5)

3. O processo de adoção como filhos de Deus

      O processo de adoção pelas leis humanas é burocrático, humilhante e doloroso, pois são feitas muitas exigências dos pais adotivos. Por outro lado, a Adoção Divina já tem um modo extremamente simplificado, pois há dois mil anos atrás, no nome e no Sangue de Jesus, foi quebrada toda a burocracia ritualista, basta seguir o protocolo estabelecido.
Crer em Jesus como seu Salvador: João 3:36 – “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”.
Confessar Jesus como seu Senhor: Mateus 10:32 – “Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.”
Renunciar as obras da carne: Rm 8.13 – “Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis.”
3.1. Como saber se já sou Filho de Deus?
      Aqui na terra existem Cartórios de Registro Civil onde as pessoas têm seus nomes registrados, fica a disposição para consultar quando for necessário, mas Como saber se já sou Filho de Deus?
Sou guiado pelo Espírito de Deus: Rm 8.14  - “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”.
Não sou escravo do diabo e tenho intimidade com Deus, Aba: Rm 8.15 -  Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados (2Tm 1.7), mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai”.
O Espírito Santo de Deus confirma no meu espírito: Rm 8. 16 – “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.”
Tenho o meu nome registrado no Livro da Vida: Apocalipse 21:27 – “Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro”
Tenho uma herança: Rm 8.17 (1 Pedro 1:4para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros) - Mas... Sabei, pois, isto: nenhum incontinente (lascivo, sem moderação), ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus” - Efésios 5:5.
4. O resultado da adoção  (Rm 8.17)
4.1 Torna-nos filhos de Deus
    Como já dito acima, a adoção por parte de Deus das criaturas redimidas por Cristo, as torna, Seus filhos e participante da natureza de Cristo, podendo relacionar-se com Deus num nível de relacionamento tal qual pai e filho, relacionamento íntimo e pessoal “Porque não recebestes o espírito de [escravidão], para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!  ( Rm 8.15)
 4.2 Torna-nos  herdeiros de Deus e co-herdeiros com cristo das bênçãos celestiais 
    A nova condição de filhos de Deus, dá-nos o privilégio legitimo, de sermos detentores de todas as bênçãos que há em Cristo Jesus, por essa razão Paulo declara:”  Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo;” ( Ef 1.3) “ e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. (Rm 8.17)
4.3.Passamos a ser conduzidos e dirigidos pelo Espírito Santo de Deus
   A adoção, faz-nos deixar de viver como criaturas de Deus, onde nós mesmos, conduzíamos a nossa vida conforme nosso bel-prazer, para vivermos segundo a direção do Santo Espírito de Deus. Jesus disse: “ O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. (Jo 3.8), Paulo declarou: “ Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” (Rm 8.14)

4.4. Tira-nos de debaixo do espírito de escravidão e dá-nos o espírito de liberdade
   A adoção, nos tira de debaixo do espírito de escravidão que existe sobre os homens ainda não regenerados, e dá-nos o espírito de liberdade que há em Cristo Jesus. Vejamos a declaração de Paulo:”  Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!  (Rm 8.15), “ Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jogo de escravidão.” (Gl 5.1)
 Conclusão:
A adoção é uma grande bênção porque envolve um relacionamento profundo com Deus. Sugere a idéia de uma cena famíliar. Acaba com o medo, a insegurança, a incerteza e qualquer complexo de inferioridade. Charles Wesley, que viveu na Inglaterra na metade do século XVIII, dizia-se espantado com a adoção: “Eu, um escravo redimido da morte e do pecado, um tição tirado do fogo, filho da ira e do inferno, ser chamado de filho de Deus!” A adoção dá um novo e elevado status ao pecador, outrora miserável e abandonado.
A adoção não é uma brincadeira, nem um cheque sem fundo. O livro de Hebreus diz que Jesus, exatamente por ser o autor da salvação, não se envergonha de chamar de seus irmãos os que por Ele foram salvos “ Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e por meio de quem tudo existe, em trazendo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse pelos sofrimentos o autor da salvação deles. Pois tanto o que santifica como os que são santificados, vêm todos de um só; por esta causa ele não se envergonha de lhes chamar irmãos,  dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação. 13 E outra vez: Porei nele a minha confiança. E ainda: Eis-me aqui, e os filhos que Deus me deu. (Hb 2.10-13). Para um público não muito pequeno, Jesus declarou: “Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe ” Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe”. (Mc 3.35). Logo após sua ressurreição, ele ordenou a Maria Madalena: “…mas vai ter com meus irmãos e dize-lhes: “subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (Jo 20.17).
A passagem bíblica mais ousada sobre a doutrina da adoção é a palavra de Paulo, ao explicar que “o Espírito Santo de Deus fala no íntimo dos nossos corações, dizendo-nos que somos realmente filhos de Deus  e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. (Rm 8.17). Lida e relida com reverência e fé, essa apologia paulina da adoção levanta o ânimo do crente, aproximando-o da plenitude da salvação! Diante do supra-dito, pergunta-se: Você tem plena certeza da sua adoção como Filho(a) de Deus?

 Postado em: 22/03/2013. ás 16:10

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IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
                                                                 Em Feira de Santana-BA

                                                                1 - BIBLIOLOGIA

1.1 - INTRODUÇÃO
Bibliologia
    é o estudo da Bíblia, já que a Bíblia é a fonte principal de revelações
cristãs para toda a humanidade. Chama-se de cânon (regra, padrão, vara de medir) o conjunto completo de livros divinamente inspirados que constituem a Bíblia. A palavra bíblia deriva da língua grega e significa uma coleção de livros pequenos. Apesar da palavra grega bíblia significar um plural, as línguas modernas passaram a considerar singular, pela perfeita unidade harmônica que os livros da Bíblia apresentam entre si.
     O grande reformador e patriarca de Constantinopla (398-404 d.C.), João
Crisóstomo foi quem primeiro usou o vocábulo Bíblia. A Bíblia foi originalmente escrita em papiro e pergaminho. O papiro era obtido de uma planta aquática(papiro) usada na escrita desde 3.000 a.C. no Egito (Ex 2.3; Jó 8.11; Is 18.2; II Jo v.12). O pergaminho era obtido da pele de animais, curtida e preparada para a escrita (II Tm4.13).
      O formato primitivo da Bíblia era em rolo, de papiro ou pergaminho, e o códice que é uma obra em formato de livro em grandes proporções. O alemão Gutenberg criou a máquina de imprimir livros em 1450 para a publicação da Bíblia por intermédio de Lutero.
       A Bíblia primitivamente era em manuscrito feito pelos escribas de forma
laboriosa, lenta e cara. As línguas originais foram a hebraica (Antigo Testamento) e a grega (Novo Testamento). As traduções só mantém a inspiração divina quando
reproduzem fielmente o original. Principalmente pelas grandes invasões ocorridas em Israel, hoje não se dispõem dos originais, apenas de cópias em museus espalhados pelo mundo. As principais cópias de manuscritos originais são: o MS Vaticano, de Roma; o MS Sinaítico, de Londres. Em 1947 foi descoberto um manuscrito do profeta Isaias, próximo ao Mar Morto, em forma de rolo, escrito em hebraico, do ano 100 a.C., havendo perfeita harmonia com as versões modernas. Muitos outros rolos forâmen contrados com centenas de fragmentos.
        As famosas traduções da Bíblia são: 1) A SEPTUAGINTA - Foi a primeira
tradução, em Alexandria no Egito (285 a.C.), feita por do hebraico para o grego por setenta e dois sábios judeus convocados pelo rei Ptolomeu Filadelfo. 2) VULGATA -Tradução de toda a Bíblia por Jerônimo no fim do Século IV. 3) VERSÃO SIRÍACA. PESHITO - Facilitada para o idioma da Síria. Provavelmente a primeira tradução do Novo Testamento. 4) VERSÃO AUTORIZADA DO REI TIAGO - Tradução feita na Inglaterra em 1611 d.C.

1.2 - A BÍBLIA EM PORTUGUÊS
A primeira tradução em solo brasileiro das Sagradas Escrituras foi em 1875, em
São Luís do Maranhão pelo refugiado Bispo de Coimbra, Frei D. Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré com trabalho de impressão em Portugal. Vejamos as principais traduções.O pastor João Ferreira de Almeida, português, desenvolveu um trabalho de tradução realizado em Batávia na ilha de Java, hoje Djacarta, capital da República da Indonésia, foi ministro evangélico da Igreja Reformada Holandesa. Almeida nasceu em Lisboa em 1628 e morreu em Java em 1691. A Igreja Católica Romana através da Inquisição, como não pode queima-lo vivo, queimou-o em estátua em Goa, antiga possessão portuguesa na Índia.
      Almeida traduziu inicialmente o Novo Testamento que foi publicado em 1681 em Amsterdã na Holanda. Traduziu o Velho Testamento até o livro de Ezequiel. Morrendo em 1691. Amigos seus terminaram essa tradução com publicação completa em 1753.Temos outras traduções para o português: a) Do padre Antonio Pereira de Figueiredo, editando o Novo Testamento em 1778 e o Velho Testamento em 1790,em Portugal; b) A Tradução Brasileira, muito fiel ao original, por uma comissão de teólogos brasileiros e estrangeiros, sendo o Novo Testamento editado em 1910 e  o Velho Testamento em 1917, publicação suspensa em 1954; c) Tradução do padre brasileiro de Santa Catarina, traduzindo apenas o Novo Testamento, com publicação em 1935, edição muito usada pela crítica textual; d) Matos Soares, outro padre brasileiro, publicada em Portugal em 1933 e no Brasil em 1946. É a tradução mais popular pelos católicos romanos de língua portuguesa; e) A Versão da Imprensa
       Bíblica Brasileira (VIBB), em 1968 (apenas em formato de púlpito), baseada em Almeida. Em 1972 foi lançado o formato popular, utilizando os melhores textos em grego e hebraico, é considerada uma ótima versão pelos estudiosos. f) Os Testemunhas de Jeová tem uma Tradução Novo Mundo com texto mutilado e cheio de interpolações para apoio direcionado as suas crenças antibíblicas; g) Hoje temos em português a versão da Bíblia © 1998 por Alfalit, traduzida das línguas originais hebraico e grego, impressa em Estocolmo - Suécia.JOÃO WYCLIFFE (1324-1384) Traduziu a Vulgata Latina para o inglês, muitas pessoas converteram-se a Cristo. Deus, porém, estava trabalhando. A invenção da imprensa foi responsável pela grande mudança. Entre 1462 e 1522, apareceram, só
em alemão, pelo menos 17 versões e edições da Bíblia. MARTINHO LUTERO apelou para os originais hebraicos e grego a fim de preparar uma melhor tradução da Palavra de Deus em Alemão. Influenciado por Lutero, William Tyndale elaborou, em 1525, a primeira tradução impressa do Novo Testamento em inglês.
Destaquemos que REVISÃO corresponde à alterações feitas na linguagem para
a manutenção da mensagem em função da dinâmica da língua. Por exemplo, vejamos o caso da palavra oxalá (quem dera) que nas versões modernas foi retirada por influências religiosas não bíblicas.

1.3 - DIVISÕES DIDÁTICAS DA BÍBLIA (ESTRUTURA)
A palavra Bíblia significa livros, vem da palavra grega biblios, portanto, é o
conjunto dos livros sagrados do Antigo e Novo Testamentos. Este livro sagrado (não muda com o tempo) contém 66 livros, escritos por 40 autores, abrangendo um período de aproximadamente 1600 anos. A Bíblia está dividida em dois grandes blocos: O Velho Testamento, composto por 39 livros e o Novo Testamento, por 27 livros. A palavra "testamento" quer dizer pacto, aliança. Portanto o Antigo Testamento é o pacto que Deus fez com um povo: os judeus. O Novo Testamento é a nova aliança de Deus com todos através do Senhor Jesus. O Antigo Testamento é a aliança da lei, o Novo Testamento é a aliança da graça, a primeira foi uma encaminhamento à segunda, leia Gálatas 3:17-25.
     No Antigo Testamento temos: 5 livros Lei, 12 Históricos, 5 Poéticos, 17
Proféticos (5 Maiores e 12 Menores, pela extensão do livro).O Novo Testamento foi escrito com a finalidade da revelação da pessoa e ensinos do Senhor Jesus Cristo, o mediador da Nova Aliança. Oito pessoas escreveram o NT, no mínimo quatro (Mateus, João, Pedro e Paulo, eram Apóstolos.Marcos e Lucas foram companheiros dos apóstolos. Tiago e Judas eram irmãos do Senhor Jesus. Os livros do NT são assim agrupados: 4 Evangelhos, 1 Histórico, 21 Epistolas (14 Paulinas e 7 Gerais) e 1 livro Profético).
        A Bíblia foi divida em capítulos pelo abade dominicano Hugo de Saint Cher em1250 d.C. Em 1445 o Rabi Nathan dividiu o Velho Testamento em versículos e o Novo Testamento 1551 por Robert Stevens, um impressor em Paris.
Considera-se que todo o Antigo Testamento trata da preparação do mundo para
o advento de Cristo, os Evangelhos, da Sua manifestação; os Atos do Apóstolos a
propagação de Cristo por meio da Igreja; as Epístolas da explanação de Cristo e o
Apocalipse, é Cristo consumando todas as coisas.
Anotações: são recursos usados para detalhar a leitura de um trecho bíblico;
como: a) Indicação da parte inicial do versículo: Rm 11.17a; b) Indicação da parte final do versículo: Rm 11.17b; c) Indicação dos versículos que se seguem ou não até o fim do capítulo em destaque: Rm 11.17ss; d) Recomendação para não deixar de ler o texto indicado no momento: "qv"=quod vide=que veja; e) Recomendação para que se compare; confira ou confronte o texto indicado: "cf" = confere.
Não podemos deixar de saber a diferença entre texto, contexto, referência e
inferência. Vejamos: a) Texto: são as palavras de uma determinada mensagem. b)
Contexto: é a parte antes e/ou depois do texto lido. O contexto poder ser imediato ou remoto, um versículo, um capítulo ou um livro completo. Exemplo: Jo 3.16 com Jo2.15. c) Referência: é a conexão direta entre determinado assunto. Essas conexões podem ser verbais (palavras), nem sempre tratam do mesmo assunto, ou reais(chamadas de autênticas ou ideais), ligam idéias, tratam do mesmo assunto.
Exemplos: a) Zc 14.4-5 e Judas v.14; b) Mt 25.31; II Ts 2.8; Ap 1.7; 19.11ss. d)
Inferência: é uma conexão indireta entre assuntos.

1.4 - LIVROS APÓCRIFOS (Não genuíno, espúrio)
   São livros históricos do período inter-bíblico aprovados no Concílio de Trento em1546. Jerônimo não os aceitou como inspirados. A Igreja Evangélica considera esses livros fora do Cânon Sagrado pelas razões básicas: contem erros históricos
geográficos e cronológicos, aprovam a mentira, o suicídio, o assassinato, os
encantamentos mágicos, as orações aos mortos, salvação por meio de gratificações,descrição do sobrenatural de uma forma grotesca e ridícula. O destacado líder católico, Tanner afirmou que a Igreja Católica Romana encontrou nesses livros o seu próprio espírito.

1.5 - CURIOSIDADES BÍBLICAS
A MENOR BÍBLIA
    A menor Bíblia existente foi impressa na Inglaterra e pesa somente 20 gramas. Este fabuloso exemplar da Bíblia mede 4,5cm de comprimento, 3cm de largura e 2cm de espessura. Apesar de ser tão pequenina, contém 878 páginas, possui uma série de gravuras ilustrativas e pode ser lida com o auxílio de uma lente.

A MAIOR BÍBLIA
   A maior Bíblia que se conhece, contém 8048 páginas, pesa 547 kg e tem 2,5m de espessura. Foi confeccionada por um marceneiro de Los Angeles, durante dois anos de trabalho ininterrupto. Cada página é uma delgada tábua de 1m de comprimento, em cuja superfície estão gravados os textos.

VAMOS LER A BÍBLIA?
A Bíblia contém 31.000 versículos e 1.189 capítulos. Para sua leitura completa são
necessárias 49 horas, a saber, 38 horas para a leitura do Velho Testamento e 11 parao Novo Testamento. Para lê-la audivelmente, em velocidade normal de fala, são necessárias cerca de 71 horas. Se você deseja lê-la em 1 ano, deve ler apenas 4
capítulos por dia.

A BÍBLIA NO MUNDO
    A Bíblia já atravessou 3 mil anos, sendo traduzida em 2167 línguas. "O Senhor te abençoe e te guarde; faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti,sobre ti levante o seu rosto, e te dê a paz."
2 - FÉ: A POSSIBILIDADE DE AGRADAR A DEUS
"Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se
aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam" (Hb11.6).
LEITURA BÍBLICA: Hb 11.1-40
2.1 - INTRODUÇÃO
     Conversão significa dar meia-volta. O voltar-se a Deus é composto por dois
elementos distintos: arrependimento e fé. A palavra arrependimento significa
"mudança de mente", que é uma mudança profunda principalmente em relação ao
pecado.A fé é o outro lado da conversão, voltamo-nos do pecado para voltarmos para Deus. Portanto, voltar-se para Deus é uma questão de fé. Todas as nossas relações com Deus é por intermédio da fé. A fé caminha com o arrependimento (Mc 1.15; Lc24.47) e é seguida pela conversão (At 11.21).

2.2 - O QUE SIGNIFICA FÉ?
Podemos "ver" a fé em três níveis:
a) Fé intelectual: é a edificação da fé sobre informações recebidas conforme Rm
10.17: "Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo."

b) Fé emocional: Na parábola do bom semeador (Mt 13.20-221), a semente que caiu
nos lugares rochosos correspondem aos que parecem arrependidos, mas não se
acham alicerçados na fé ocorre que "mas não tem raiz em si mesmo, antes é de
pouca duração; e sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da
palavra, logo se escandaliza"

c) Fé Volitiva: É a fé determinada pela vontade, é a que atinge o âmago da
personalidade, a sede da vontade. Vai além da religiosidade, é a fé pela fé,
envolvendo fidelidade, obediência e crer.
Podemos confiar plenamente em Deus tendo a fé genuína como base, ou seja
tendo a fé em Deus. Ter fé em Deus é uma ordem do Senhor Jesus Cristo:
"Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus" (Mc 11.22).
Resumidamente podemos definir que fé é a certeza das coisas esperadas. É a
convicção das coisas não vistas (Hb 11.1), sendo uma exigência de Deus (Mc 11.22; I
Jo 3.230).

2.3 - A PRÁTICA DA FÉ
     A fé é um dom de Deus (Rm 12.3; Ef 2.8; 6.23; Fp 1.29), exclui a vanglória
pessoal (Rm 3.27) e a sua operação é pelo amor (Gl 5.6; I Tm 1.5; Fl 5).
Na prática da vida como proteção a fé é compara a um escudo: "tomando,
sobretudo, o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos
inflamados do Maligno" (Ef 6.16). Ou a uma couraça: "mas nós, porque somos dodia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por
capacete a esperança da salvação; (I Ts 5.8). A fé produz: salvação (Mc 16.16; At 16.31; Rm 1.17); esperança (Rm 5.2);alegria (At 16.34; I Pe 1.8); paz (Rm 15.3); confiança (Is 28.16 com I Pe 2.6); ousadia
na pregação (Sl 116.10 com II Co 4.13).

2.4 - O PODER DA FÉ
     É possível a ocorrência do fato de uma pessoa ser financeiramente bem
sucedida e não ter nenhuma dignidade humana e moral, lógico. Mas em compensação por essa vida passaram pessoas de Deus que "andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno) errantes pelo desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra" (Hb 11.36-37), isto pelo poder da fé.
      A fé é a base da esperança e a prova do invisível (Hb 11.1).Ocorrem momentos que num ímpeto de fé a pessoa pode se lançar e andar sobre os desafios do mar desta vida, mas com o tempo e a continuidade dos problemas pode surgir o medo, o desânimo e a perda da coragem da continuidade, conforme Mt 14.29-30: "Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus. Mas, sentindo o vento, teve medo; e,começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me." A fé tem o poder de nos capacitar a pisarmos os problemas surgidos, tanto o desafio inicial como na continuidade vitoriosa, isto sob a proteção contínua de Deus.

    Quando o Senhor acalma a tempestade (Mc 4.35-41), no versículo 40 tem-se o
destaque: "Então lhes perguntou: Por que sois assim tímidos? Ainda não tendes
fé?" Nesta observação de Jesus, dá-nos a entender que com o tempo cristão, a fé é
uma condição a ser alcançada de forma crescente. Ao atingir o tamanho de um grão de mostarda, será o suficiente para se remover montes (Mt 7.20). Os problemas surgidos devem ser não só superados, mas repreendidos, exterminados, removidos para que não venha ser obstáculos para outros caminhantes. Oremos como os apóstolos: "Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé."Falar, pregar a fé é até cômodo, o problema é quando os desafios chegam e
temos que exercer esta fé. Dentro de todos esses desafios, o equilíbrio emocional tem muita influência, pelos menos aparentemente. Para os que tem uma estrutura
emocional mais sólida já tem um comportamento melhor daqueles que são fragilizados emocionalmente, apesar de que quando a operação é de Deus, todos os obstáculos são superados. Os sentimentos podem dificultar a visualização da realidade espiritual.
    I Jo 5.4, nos motiva a sermos sempre vencedores: "porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé."A convivência congregacional, em termos de relacionamentos, ajudas mútuas,
testemunhos, é um fator de grande desenvolvimento da nossa fé. As provações
acontecem em todos, é universal, então o aperfeiçoamento da boa convivência
congregacional, em grupo, em família é indispensável: "ao qual resisti firmes na fé,sabendo que os mesmos sofrimentos estão-se cumprindo entre os vossos
irmãos no mundo" (I Pe 5.9).
     A oração é companheira da fé, caminham juntas, a fé tem o poder de curar
qualquer enfermidade: "e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará;e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados" (Tg 5.15). Normalmente acura não é oferecida, é procurada pelo enfermo (Tg 5.14).
O exercício da fé deve ser imitado. O ministro de Deus como modelo do
rebanho, e a quem honra, honra, deve ter uma fé modelo, para ser imitada, e uma
maneira de não ser esquecido, é pela fé: "Lembrai-vos dos vossos guias, os quais
vos falaram a palavra de Deus, e, atentando para o êxito da sua carreira, imitai-lhes a fé" (Hb 13.7).
    A fé tem o poder de trazer uma felicidade maior para toda a família, até para os
descendentes que ainda virão: "Pela fé Isaque abençoou Jacó e a Esaú, no tocante às coisas futuras" (Hb 11.20).A fé é evangelizadora, tem o poder de gerar novos santos, é a própria expansão do Reino de Deus. Se evangelizamos pouco, se congregacionalmente crescemos em níveis abaixo do desejado, é porque a nossa fé está também neste nível: "a Tito, meu verdadeiro filho segundo a fé que nos é comum, graça e paz da parte de Deus Pai, e de Cristo Jesus, nosso Salvador" (Tt 1.4).
     A pessoa de Deus ao envelhecer e perder o seu vigor, ficando impossibilitado de exercer a sua chamada, só não pode perder é a fé: "Combati o bom combate,
acabei a carreira, guardei a fé" (II Tm 4.7). O crente não pode deixar de levar para a
sua aposentadoria é a fé. Um dos maiores inimigos da fé é o amor ao dinheiro. O dinheiro em si, fruto do trabalho, é o próprio trabalho; o cuidado que devemos Ter é como o amor ao dinheiro que é um amortecedor da fé, tira o poder da fé, mata a fé: "Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, ese traspassaram a si mesmos com muitas dores" (I Tm 6.10).Uma outra maneira de negarmos a fé, é deixar de cuidar dos parentes, do irmãomais próximo ou de uma outra pessoa quando essa responsabilidade é nossa: "Mas,se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negadoa fé, e é pior que um incrédulo" (I Tm 5.8).
Busquemos ao Senhor para a manutenção da nossa fé, e exerçamos na vida
cristã, na prática do dia a dia o poder da fé, como gratidão e louvor a Deus, edificaçãodos santos e a vitória nossa em todos os aspectos da vida.

3 - O QUE É ARREPENDIMENTO
"...O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no Evangelho" (Mc 1.15)
LEITURA BÍBLICA: At 2.37-47
3.1- O GRANDE DESAFIO: ARREPENDER-SE E CRER
Uma das palavras mais forte do Evangelho é ARREPENDEI-VOS. Outra, é,
CREDE. A primeira mensagem de João Batista foi arrependimento, conforme Mt 3.1-8.A primeira mensagem de JESUS CRISTO foi arrependimento (Mt 4.17). Na comissão de Cristo, após a sua ressurreição, temos em Lc 24:47: "E que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém." Os apóstolos pregaram arrependimento (Mc 6.7-13). A primeira a mensagem no dia de pentecostes foi "arrependei-vos" (At 2.38). A primeira mensagem de Paulo foi arrependimento, segundo At 20.20-21. O arrependimento é o marco inicial na caminhada cristã. "Ora, não levou Deus em conta os tempos de ignorância; agora,
porém, notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam" (At 17.30). Oarrependimento é uma profunda mudança de pensamento e conseqüentemente à
prática diária para com a vontade e a palavra de Deus.

3.2 - O QUE ARREPENDIMENTO NÃO É
a) Não é convicção de pecado. A convicção precede o arrependimento, mas
muitos tem convicção sem arrependimento.
b) Não é a tristeza do mundo. "Porque a tristeza segundo Deus opera
arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte" (II Co 7.10).
c) Não é ser religioso. Os fariseus eram extremamente religiosos, entretanto
eram hipócritas.
d) Não é só crendice ou fé mental. Fé mental é apenas uma educação religiosa,
sem mudança de vida. Leia Tg 2.19-20. Arrependimento não é apenas estar
de acordo com normas religiosas, sem vida nova.
"O remorso é tristeza em vista das conseqüências do pecado, mas o
arrependimento condena o pecado que produziu tais conseqüências. Lágrimas estão nos olhos do arrependido, confissão em seus lábios, o pensamento de Deus sobre o pecado em seus pensamentos, o afastamento do pecado é seu caminho, a contrição se apossa do seu coração, o apossar-se de Cristo se encontra em suas mãos, e a humildade de maneiras se acha em sua atitude."

3.3 - CONSEQÜÊNCIAS DO ARREPENDIMENTO
a) Mudança de vida: "Produzi pois frutos dignos de arrependimento"(Mt 3:8).
b) Mudança de mente: "...andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a
vontade da carne e dos pensamentos;..." (Ef 2.3).
c) Tristeza segundo Deus pelo pecado, II Co 7.9-11.
d) Confissão de pecados, Sl 32.1-5.
e) Renúncia de pecados, Pv 28.13.
f) Ódio ao pecado, Ez 36.31-33.
      O arrependimento é uma forma de atenção que damos ao Senhor Jesus,
conforme Lucas 5.32, Temos: "Eu não vim chamar justos, mas pecadores, ao
arrependimento". O não arrependimento é uma agressão frontal ao amor de Deus. O arrependimento humano é tão importante que tem repercussões celestiais: "Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento" (Lc 15.7). A pregação ao arrependimento é uma ordem divina: "E que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando porJerusalém" (Lucas 24.47). Então quanto ao seu significado, o arrependimento no tocante:
a) ao intelecto, é uma mudança de pensamento e prática de vida.
b) Às emoções, o arrependimento abrange dois elementos essenciais: 1- ódio ao
pecado (Sl 97.10); 2-Tristeza por causa do pecado (II Co7.9).
c) À vontade, o arrependimento importa na formação de um novo propósito relativo ao pecado e à vontade de Deus (Lc 15.18-20).
       O arrependimento como é uma atuação interna da alma, tendo sua expressão
externa, obrigatoriamente torna-se manifesto:
a) Na confissão de pecados, 1- a Deus (Sl 32:3-5); 2-ao homem (Tg 5.16).
b) No abandono de pecado (Pv 28.13). Quanto ao modo, no lado divino o arrependimento é outorgado por Deus (At 11:18), ou seja, Deus concede o arrependimento. Não é originado no homem, é dom divino. É a graça de Deus na alma do homem que apenas se dispõe a essa mudança..Pelo lado humano, é realizado através de meios como:
a) ministério da palavra (At 2.37-38 e 41);
b) por meio da benignidade de Deus (Rm 2.4);
c) por meio da repreensão e castigo (Ap 3.19);
d) por meio da tristeza segundo Deus (II Co 7.8-11); por meio da percepção da
santidade de Deus (Jó 42.5-6). Então, o arrependimento é um dom de Deus,
proporcionado por meio de várias instrumentalidades.
3.4 - REFLEXÃO
     Pelo arrependimento o pecador abandona o pecado; pela fé ele se volta para
Cristo. Portanto arrependimento e fé são inseparáveis, um não existe um sem o outro.Tem-se dito que o arrependimento é a fé em ação, e que a fé é o arrependimento em repouso. "O arrependimento é uma mudança completa da mente, em face dos valores da vida. Ele coloca o homem em situação de cumprir o seu verdadeiro destino, segundo o plano divino de criar um mundo melhor" (John A. Mackay)."Nenhum homem, no seu leito de morte, jamais se arrependeu de ser um cristão" (Hannah Moore)."Se andares sobre o lodo, traze contigo os lírios" (Carneiro de Azevedo)."Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade,ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?" (Rm 2.4).
     A nova vida do cristão é uma graça específica de Deus, em seu infinito amor. Ser cristão,passando pelo arrependimento, nesse nascer de novo em Cristo, é ter liberdade para ser feliz. Infelizmente muitas vezes não somos tão felizes, é como se pegássemos uma carona e continuássemos com os objetos que conduzíamos, ainda na cabeça."Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de nós todos" (Is 53.6). Muitas vezes não somos plenamente felizes, pelo legalismo estruturado. Há mais nobreza quando a pessoa abre espaço na sua vida para o Espírito Santo trabalhar o arrependimento, a nova vida, do que só deixar para uma decisão por Cristo, no momento da angústia maior, das perdas e da dor.
O fruto do arrependimento se apresenta numa dimensão muito ampla,
totalmente fora dos padrões de egoísmo humano, é numa dimensão maior na nova
vida, da nova vida em Cristo, quando para sermos perdoados temos primeiro que
perdoar; para receber, temos primeiro que dar; para sermos o primeiro, temos que
primeiro sermos o último; seguindo o exemplo do Mestre: para que sejamos ricos, Elese fez pobre. É por aí que começa "os frutos dignos do arrependimento". Aí está a base do arrependimento de obras mortas. Arrependimento: base da vida cristã.

4 - SALVAÇÃO ETERNA
"Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados"
(Lucas 1.77).
LEITURA BÍBLICA: Rm 10.1-11
4.1 - INTRODUÇÃO
     A salvação é um amoroso projeto de Deus para a humanidade. Há pessoas
que consideram a salvação uma impossibilidade humana, mas é pelo fato de não
conhecer a revelação de Deus por intermédio da Bíblia. "Pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação" (Romanos 10.10).Portanto, a salvação não é apenas crê, mas também confessar que é salvo, esta realidade bíblica muitas vezes é criticada, queremos nos tornar enfáticos, é apenas uma questão de falta de revelação bíblica, são opiniões baseadas nas emoções
próprias, sem conteúdo bíblico. A nossa proposta neste texto é lhe conduzir numa
caminhada bíblica, ao nível da conscientização equilibrada, que é possível sermos
salvos eternamente do mal desde já, e somente agora, unicamente no Senhor Jesus
Cristo, e que você chegue lá!"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para quetodo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"(Jo 3.16).

4.2 - PLANO DA SALVAÇÃO
TODOS PECARAM - "Pois não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e
nunca peque" (Ec 7.20).Portanto, todos carecemos da glória de Deus (Rm 3.23). O
pecado é uma generalização comum: "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram" (Rm 5.14).
TODOS ESTÃO CONDENADOS - Todas as pessoas são pecadoras,
conseqüentemente todas estão condenadas: "Eis que todas as almas são minhas;
como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar,
essa morrerá" (Ez 18.4). Destaquemos ainda o texto bíblico: "Os perversos serão
lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus" (Sl 9.17).
HÁ APENAS UM SALVADOR - "Porque há um só Deus, e um só Mediador
entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (I Tm 2.5). A vida eterna é uma
realidade (Rm 6.22), mesmo morrendo se viverá (Jo 11.25). Há dois tipo de vida
depois da vida: "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a
vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno" (Dn 12.2), ou seja céu ou
inferno. E ainda em Mt 25.46, "E irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna". Então céu e inferno são realidades. A opção é nossa. Vejamos ainda odiz a Bíblia quanto a salvação:
· "Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não
verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo 3.36).
· "A ele todos os profetas dão testemunho de que todo o que nele crê receberá a
remissão dos pecados pelo seu nome" (At 10.43).
· "E de todas as coisas de que não pudestes ser justificados pela lei de Moisés,
por ele é justificado todo o que crê" (At 13.39).
· "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16).
· "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo
morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Rm 5.8).

A SALVAÇÃO É UM PRESENTE DE DEUS - É desejo de Deus que todas as
pessoas façam opção pela salvação (I Tm 2.4). E esta salvação acontece apenas no
Senhor Jesus Cristo, é pela graça: "Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas,e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite" (Is 55.1).

ESFORÇOS HUMANOS NÃO AJUDAM NA SALVAÇÃO - As boas obras não salvam: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8-9). Não há reencarnação de mortos: "E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardem para a salvação (Hb 9.27). E ainda: "Peso da Palavra do Senhor sobre Israel: Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro do homem" (Zc 12.1). A intercessão pelos mortos também não salva: "A alma que pecar, essa morrerá: o filho não levará a iniqüidade do pai; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade cairá sobre este" (Ez 18.20). A salvação é apenas um atitude de fé. "Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome,deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus" (Jo 1.12).

O QUE O PECADOR PRECISA FAZER PARA SER SALVO?
· Arrepender-se: "Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus
pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso
Deus, porque é generoso em perdoar" (Is 55.7).
· Crer em Jesus Cristo como Salvador: "Em verdade, em verdade vos digo
que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida
eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida" (Jo 5.24).
· Confessar seus pecados ao Senhor Jesus: "Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (I Jo 1.9).
· Invocar o nome do Senhor Jesus Cristo: "Porque: Todo aquele que invocar
o nome do Senhor será salvo" (Rm 10.13).
· Receber Jesus no coração: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a
minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele
comigo" (Ap 3.20).

4.3 - CONCLUSÃO
Para o pecador que aceita Jesus como salvador, Deus tem as seguintes providências:
a) Perdoa: "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados
são como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são
vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã" (Is 1.18). b) Regenera: "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (II Co 5.17). c) Justifica: "para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus" (Rm 3.26). Torna-o filho de Deus: "os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus" (Jo 1.12). Dar a vida eterna: "Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê tem a vida eterna" (Jo
6:47). "A salvação do homem - A única esperança de redenção da humanidade
encontra-se no sangue de Jesus Cristo, o Filho de Deus, derramado no Calvário.
a)    Condição da salvação - A salvação é recebida através do arrependimento dos
pecados, diante de Deus, e da fé em Jesus Cristo. Pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, o homem é justificado pela graça, mediante a fé,
tornando-se herdeiro de Deus, de conformidade com a esperança da vida eterna (Lc24.47; Jo 3.3; Rm 10.13-15; Ef 2.8); Tt 2.11; 3.5-7).
b) Evidências da salvação – A evidência interior da salvação é o testemunho direto do Espírito Santo (Rm 8.16). A evidência externa, a todos os homens, é uma vida de retidão e de verdadeira santidade (Ef 4.24; Tt 2.12)" (Declaração de verdades fundamentais aprovadas pelo concílio geral das Assembléias de Deus nos Estados Unidos, de 2 a 7 de outubro de1916).

5 - BATISMO NAS ÁGUAS
"Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;" (Mt 28.19).
LEITURA BÍBLICA: Mt 28:16-20.

5.1 - O QUE É BATIZAR?
Batismo ou batizar quer dizer "mergulhar, submergir, imergir" (Mc 1.5; Jo 3.33;
At 8.36-39). O batismo nas águas é uma profunda experiência de uma pessoa neotestamentária,está em toda extensão do Novo Testamento (At 2.38-41; Hb 6.1-2),vejamos:
a) Jesus o ordenou (Mt 28.16-20; Mc 6.16).
b) Jesus foi batizado (Mt 3.13-17).
c) Os apóstolos o ordenaram (At 2.37-47; At 10.44:48).
d) Se o amarmos, guardaremos seus mandamentos (Jo 14.15).
e) Validamos nossa fé pela obediência (Tg 2.17-18).

5.2 - PARA QUEM E QUAL O SENTIDO DO BATISMO?
     Pela Bíblia as pessoas tomam conhecimento do Evangelho, crêem e em seguida
são batizadas nas águas. Fé, arrependimento e confissão (At 8.36-39; Rm 10.9-10)
precedem o batismo, por esta razão excluímos o batismo infantil. Esta ordenação é
para:
a) "Quem crer..." (Mc 16.16).
b) Os samaritanos creram e foram batizados (At 8.12-15).
c) O eunuco creu e foi batizado (At 8.35-38).
d) Pedro ordenou que os gentios fossem batizados (At 10.47-48). Os discípulos
de Éfeso creram e foram batizados (At 19.4-5). Portanto o batismo não é uma
opção, é uma obediência. Não se batizar é uma desobediência à Palavra de
Deus.O batismo é uma experiência espiritual simbólica, contudo também real. Somos batizados em:
 a) em Sua morte (Rm 6.3-5, 11). b) Seu sepultamento (Co 2.12). Sua
ressurreição (Co 3.1; Rm 6.4-5). O batismo é a identificação com Cristo. Na salvação aceitamos a morte, o sepultamento, e a ressurreição de Cristo. Ou seja, pelo batismo nós nos apresentamos como "mortos". Pela imersão sepultamos o "morto". Saindo das águas, ressuscitamos para andar em novidade de vida. O crente é batizado no nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, no nome da eterna Trindade (Mt 28.19).Se o batismo é uma ordem do Senhor, não se batizar é uma desobediência.A água batismal não objetiva limpeza espiritual, é um testemunho da nossa fé no Senhor Jesus Cristo, fé obtida antes de se entrar na água. Não é a água que salva,mas o que ela representa: a ressurreição do Senhor Jesus como prova que Deus Pai aceitou o sacrifício do Filho em nosso lugar. Mediante o sangue somos justificados(Rm 5.9), nossa consciência é purificada (Hb 9.14) e somos redimidos (I Pe 1.19).
      O batismo nas águas é para a pessoa que creu e conseqüentemente foi
purificada pelo sangue do Senhor Jesus, sem esta condição o batismo não faz
nenhum sentido. Para o crente, aquele que nasceu de novo, é um ato testemunhal deque assumiu uma nova posição de vida no poder do Cristo que ressuscitou. Portanto,o Novo Testamento ensina que o batismo nas águas é somente para o crente, para o nascido de novo. A imersão simboliza a morte para o pecado, e o sair da água, a nova vida em Cristo (Rm 6.1-4).Portanto, o crente devem ser batizados pelas razões:
a) A fé deve preceder o batismo (At 8.37);
b) O batismo é um ato de obediência (Mt 28.19);
c) O batismo é um ato de identificação (Gl 3.27);
d) O batismo é um ato simbólico (Rm 6.4).

5.3 - A CEIA DO SENHOR
        A Ceia do Senhor é uma ordenança do próprio Senhor Jesus Cristo, instituída
por ocasião de sua última refeição de Páscoa, com os seus discípulos, poucas horas antes de ser crucificado (Mt 26.26-29; Mc 14.22-25; Lc 22.15-20; I Co 11.23-26). Para a Igreja, a Ceia do Senhor é a substituição da Páscoa do Antigo Testamento (I Co5.7), também é chamada de: Comunhão (I Co 11:20), a Mesa do Senhor (I Co 10:21).A Santa Ceia é comemorativa porque é feita em memória ao Senhor Jesus (Lc22.19); é instrutiva, que por meios objetivos e sagrados representam a encarnação e a expiação de Cristo; também é profética: até que o Senhor volte (Lc 22.19; Mc 14.25);é inspiradora porque por meio da fé podemos alcançar os benefícios da morte e ressurreição do Senhor (I Ts 5.22), pela vitória sobre o pecado e evitar o mal;reconhece e proclama a Nova Aliança e envolve responsabilidades, exigindo de nós dignidade de vida (I Co 11.27-34).
       Os símbolos usados na comunhão são : mesa (I Co 10.21; Lc 22.30); pão (I Co10.16; Lc 22.19); e vinho (do fruto da videira , I Co 10.16; Lc 22.17-20). Estes
símbolos têm os seguintes significados: mesa: lugar de amor e comunhão (Lv 24:5-9;Sl 23.5; Ap 3.20); pão: representa o corpo de Jesus Cristo quebrado (Mt 26.26),representa também a Igreja, o Corpo de Cristo (I Co 10.16-17);e, o vinho: representa
Seu sangue, significando a nova aliança (Mt 26.27; I Co 11.25).
     No Velho Testamento Abraão recebeu comunhão (Gn 14.18), o corpo e o
sangue do cordeiro pascal apontava a mesa do Senhor (Ex 12; Mc 14.12), a mesa dos pães da proposição no tabernáculo (Lv 24.5-9; Ex 25.23-30; Nm 28.7), formavam sombras da comunhão neo-testamentária.

5.4 - COMO DEVEMOS CHEGAR À MESA DO SENHOR?
A Ceia do Senhor requer:
a) Ação de graças (Mt 26.27-28);
b) Comunhão com Deus e com o próximo (I Jo 1.3; Tg 1.4; Jd v.3;
c) Ação de graças (Fp 1.7; Cl 1.6);
d) A presença do Espírito Santo (Rm 8.9-11);
e) Participação com real desejo (Lc 22.14-15).
b) Fé, crendo (Hb 11.6; Rm 14.23).
c) Memorial (I Co 11.24-25).
Quando uma pessoa se recusa a participar da Ceia do Senhor, é uma recusa
oficial ao arrependimento e uma negação ao corpo e ao sangue do Senhor como
sacrifício para anulação dos seus pecados. É uma recusa a gratidão e ao Novo Pacto.Como também uma forte recusa a aceitar os demais membro como constituintes do corpo de Cristo.
A celebração da Ceia do Senhor é um momento de extrema solenidade e de
bênçãos espirituais, é o viver máximo na prática cristã da obra redentora de Cristo
exigindo toda uma atitude mental apropriada.

5.5 - CONCLUINDO
     Como o batismo e a Ceia do Senhor são ordens divinas, amados, vivamos de
uma forma dignamente cristã, assumindo o testemunho de autenticidade cristã pelo batismo e anunciando a morte do Senhor, até que Ele venha, conforme I Co 11.26,por intermédio da Santa Ceia. O Senhor Jesus nos abençoe. Amém.

6 - OS DONS ESPIRITUAIS
"Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes" (I Co 12.1).
LEITURA BÍBLICA: I Co 12.1-13.
6.1 - DONS DO ESPÍRITO SANTO
Os dons espirituais são para a edificação do Corpo de Cristo: a Igreja. Em relação
aos dons do Espírito Santo, devemos ter as seguintes atitudes: a) Não sermos
ignorantes (I Co 12.2). b) Não sermos negligentes (I Tm 4.14). Desejá-los (I Co 12.31).
c) Reavivá-los (II Tm 1.6).
6.2 - OS TRÊS GRUPOS DE DONS DO ESPÍRITO SANTO (I Co 12.4-10)
I ) DONS DE REVELAÇÃO (saber)
1 - Sabedoria, o dom da Palavra de Sabedoria é habilidade dada por Deus de
receber sabedoria sobrenatural para fins específicos.
2 - Conhecimento, o dom da Palavra de Conhecimento, é a revelação por Deus de
fatos e informações que humanamente seria impossível saber.
3 - Discernimento de espíritos, é o reconhecimento dos espíritos nas diferentes
manifestações e atividades, como também a habilidade em desafiar e lidar
com esses espíritos.

II ) DONS DE EXPRESSÃO (falar)
1 - Línguas, capacita o crente a falar numa linguagem espiritual.
2 - Interpretação, é trazer numa linguagem conhecida, a mensagem à Igreja, que foidada por meio do dom de línguas.
3 - Profecia, é a anunciação de uma mensagem de Deus para a Igreja, recebendo-a
do Espírito Santo.

III) DONS DE PODER (fazer)
1 - Fé, crer em Deus pela realização do impossível.
2 - Cura, transmissão de cura para o corpo físico em certas condições
específicas.
3 - Milagres, é a realização impossível..
Os dons do Espírito Santo edificam (I Co 14.3- 5), confirmam (Rm 1.11), tem
proveito (I Co 12.7), são credenciais (Mc 16.17-20).

6.3 - EXEMPLOS DOS DONS EM OPERAÇÃO
a) A palavra de sabedoria - II Pe 3.15;Dn 5.11; Pv 8.22-30.
b) A palavra de conhecimento- At 13.9-11; Ez 43.7; Os 12.10.
c) Fé - Rm 15.18-19; I Rs 17.14; At 3.4-16.
d) Dons de cura - At 14.8-10; At 5.15; At 28.8-10.
e) Operação de milagres - At 20.912; II Rs 4.1-7 e 2.11.
f) Profecia - I Co 14.6; Jr 33.11; Ap 19.10.
g) Discernimento de espíritos - At 16.16:18; Mt 7.15-20; I Jo 4.1. Diversidade de
línguas - I Co 14.18; AT 2.1-17.
h) Interpreta de línguas - I Co 14.13 e Dn 5.25-28.

6.4 - COMO PODEMOS RECEBER OS DONS DO ESPÍRITO?
a) Recebendo o Doador dos dons, o Espírito Santo (At 1.4).
b) Como apraz o Espírito Santo (I Co 12.11; Hb 2.4).
c) Procurando, com zelo, os melhores dons (I Co 12.31).
d) Pela imposição de mãos e profecia (Rm 1.11; I Tm 4.14).

6.5 - BATISMO DE PODER
     Cremos que "depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da
promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de
Deus, para louvor da sua glória" (Ef 1.13-14). A partir daí o crente pode ser revestido de poder, pode ser batizado de poder, para uma obra com maior rendimento, cujas evidencias deste revestimento, já que ele tem o Espírito, pode se apresentar sob a forma dos dons já apresentados. Alguns chamam essa experiência de batismo no ou com o Espírito Santo. O revestimento de poder é:
a) Bíblico (At 2.4);
b) Necessário (Ef 5.17-18);
c) Aplica-se ao dia de hoje (Mc 16.17; At 2.38);
d) É uma experiência após a salvação (At 8.12; 14-17; 19.6);
e) Evidenciado também pelo falar em línguas (At 2.4;
10.44-46; 19.6; Mc 16.17);
f) Benéfico (Rm 8.26-27; I Co 14.2,18-22).
Nunca devemos ter receios de recebermos menos do que a promessa de Deus
(Lc 11.11-13). Aleluia.

6.6 - A NOVA ERA PENTECOSTAL
      Uma das bênçãos da Graça é o revestimento de poder (Lc 24.49). O
Pentecostalismo destaca como vitalização da vida e missão da Igreja o revestimento de poder ou o batismo com o Espírito Santo (Mt 3.11 e At 1.5).
A Igreja de hoje tem-se voltado de uma forma abençoada para a obra do
Espírito. Ao voltar para o céu o Senhor Jesus deixou claro que é mais significativo o Espírito Santo ficar no crente (Ef 1.13) como selo para o dia da redenção do que o próprio senhor continuasse entre os seus discípulos. Lógico que temos aí uma forma humana de comparação. A visibilidade do Senhor foi permutada pela invisibilidade do Espírito que se tornou prática com o Pentecostes; mas o Senhor Jesus continua nomeio da Igreja (Ap 1.13). A teologia Pentecostal observa que os católicos romanos enfatizam o papel da Igreja e dos sacramentos e subordinam o Espírito Santo à Igreja.
Uma parte dos protestantes enfatiza o papel da pregação e da fé, e subordinam o
Espírito à Bíblia, na sua forma convencional de hermenêutica direcionada,pré-estabelecida, formando uma conceituação biblista e não bíblica.
    A ação pentecostal é uma reação a esses extremos - ao sacramentalismo que
mecaniza a ação da Igreja; e a ortodoxia biblista que mata a espiritualidade da Igreja.Com isto a realidade pentecostal que historicamente tem evoluído, não é um
movimento a procura de uma teologia, mas tem tido uma sinceridade de busca dos
reais valores.

6.7 - BATISMO DE FOGO
    Sabemos que ocorrerá o batismo de fogo para os que rejeitam a salvação no
Senhor Jesus Cristo (Mt 3.12), um fogo que não apaga, um fogo para a palha. Então esse batismo implica que antes o batizado fez uma opção negativa. Outra
característica desse batismo, até onde percebo, é que há uma irreversibilidade, uma vez condenado, condenado para sempre. Apesar dessa condenação ser em última instância pelo fato do Senhor sempre oportunizar a salvação para todos nós, sempre retardando o momento final condenativo, para que o homem se arrependa dos seus pecados, não querendo que ninguém se perca: "O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se (II Pe3.9)."
    A mensagem de João Batista (Mt 3.11-12) despertando arrependimento, alertava para os dois tipos de batismo: com o Espírito Santo, certamente para os que viriam a crer no Senhor Jesus e um batismo de fogo para os incrédulos.
O Batismo com o Espírito Santo também já deixa claro que antes houve uma
opção de salvação no Senhor Jesus, e esta fase de fé, ainda mais, cremos na sua
irreversiblidade, salvo, salvo para sempre. Salmos 37.28 - O crente é preservado para sempre. Sobre a salvação eterna do crente leia ainda: Jo 10.27-29; Rm 8.1-2, v.31-39e Ef 2.1-9. Pela complexidade dos assuntos aqui levantados não podemos esquecer o pensamento sábio de Rupert Meldenius e citado por Richad Baxter: "Em coisas essenciais, unidade; nas não-essenciais, liberdade; em todas as coisas, amor. "O revestimento de poder consideramos essencial, oramos pela unidade expressa acima de tudo no amor de nosso Senhor Jesus Cristo. Muitos evangélicos consideram o batismo de fogo o Batismo com o Espírito Santo. Mt 3.11: "E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo."
     Pedimos a graça de Deus para o aperfeiçoamento da vida cristã; não
esquecendo as palavras de John R. W. Stott: "Estamos, também separados uns dos
outros temperamentalmente. Esquecemo-nos, às vezes, que Deus ama a diversidade e tem criado uma rica profusão de tipos humanos, temperamentos e personalidades.Além disso, o nosso temperamento tem mais influência na nossa teologia do que geralmente imaginamos ou admitimos. Embora a nossa compreensão da verdade bíblica dependa da iluminação do Espírito Santo, ela é inevitavelmente colorida pelo tipo de pessoa e pela cultura a que pertencemos."

7 - GESTÃO CRISTÃ
"Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam" (Sl
24.1).
LEITURA BÍBLICA: I Tm 6.6-10
7.1 - MORDOMIA CRISTÃ
     Há uma grande diferença entre POSSE e MORDOMIA: Deus é o possuidor de todas as coisas (Gn 14.19-22; Sl 24.1; 50.1-12; 68.19; 89.11; Ag 2.8). Enquanto Mordomia implica que não somos donos; somos apenas mordomos responsáveis quede vem prestar contas (Mt 25.14-30; Lc 19.11-26). Temos diferentes relações entre dono-mordomo:
a) Vida, o que recebemos (Gn 1.27-28; At 17.25; Tg 1.17);
b) Tempo,o que nos foi outorgado (Pv 24.30-34); Sl 90.12);
c) Talentos, o que nos foi dado para usar (Mt 25.14-30);
d) Possessões, o que nos é confiado (Mt 6.19-21; Co 3.1-2); e

e)Finanças, o que ganhamos com o nosso trabalho (I Co 16.1-2).
Para sermos um bom gestor dos valores recebidos são necessários os requisitos:
a) Fidelidade (I Co 4.1-2);
b) Disposição a receber ensino (Sl 27.11);
c) Desejo de servir as pessoas (Rm 12.10-13);
d) Um coração de servo (Gl 5.13); e
e) Disposição para dar (Lc 6.38).

7.2 - AS FINANÇAS
A questão financeira tem um tratamento bíblico bastante sério:
a) Os Evangelhos contém um elevado advertências contra o dinheiro e seu mau
uso.
b) Um percentual elevado das parábolas de Jesus tem alguma referência a dinheiro, especialmente advertência contra a cobiça.
c) Judas vendeu Cristo por dinheiro, que nunca chegou a usá-lo.
d) Satanás perturba a cena da glória da igreja primitiva através do dinheiro,
quando se vivia um ambiente de doação (At 5.1-10).
e) O pecado de "Simonia" refere-se a dinheiro e a tentar comprar os dons de
Deus come ele (At 8.14-24). Riqueza e tradição (Ap 13:16-18), são palavras
ligadas ao poder de comprar e vender. Em si o dinheiro não é mau. É o amor
ao dinheiro que é a raiz de todos os males (I Tm 6.7-10).

7.3 - DÍZIMOS E OFERTAS
As Escrituras dizem o seguinte sobre dízimos e ofertas:
a) Devemos trazer nossos dízimos e ofertas à tesouraria da casa de Deus
(casa do tesouro, Ml 3.7- 12).
b) A casa de Deus é o lugar onde o povo de Deus é "alimentado".
O dízimo é para nossos dias? Sim, tanto no V.T. como no N.T. os participativos
devem entregar o dízimo das suas rendas:

I ) O DÍZIMO ANTES DA LEI: Abraão (sob aliança, Gn 14.18-20); Jacó (sob
aliança, Gn 28.22).
II) O DÍZIMO SOB A LEI: a) Israel, aliança mosaica (Lv 27.30-33; Nm 18.20-24;25-32).

III) O DÍZIMO SOB A GRAÇA: Jesus confirmou o dízimo. O dízimo não era dalei, mas antes da lei (Mt 23.33; Lc 11.42; 18:12; Hb 7.1-21).
"Roubará o homem a Deus? todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te
roubamos: Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, vós, toda a nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento n a minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança" (Ml 3.8-10).

7.4 - PRINCÍPIOS DO DAR
a) Dar-nos primeiramente ao Senhor (II Co 8.5).
b) Dar de boa vontade (II Co 8.3-12).
c) Dar com alegria (II Co 9.7).
d) Dar com generosidade, com liberalidade (II Co 8:2; 9.13).
e) Dar proporcionalmente (II Co 9.6; 8:14-15).
f) Dar regularmente (I Co 16.1-2).
g) Dar sistematicamente (II Co 9:7).
h) Dar com amor (II Co 8.24).
i) Dar com gratidão (II Co 9.11-12).
j) Dar como ministração ao Senhor e seus santos (II Co 9.12-13).
DESTAQUE: O que dá pela LEI, dá por obrigação. O que dá por AMOR, dá por
prazer. Louvado seja Deus.

7.5 - CONCLUSÃO
    Hoje alguns grupos, até evangélicos, vivem uma verdadeira exploração das
pessoas bem intencionadas, em relação ao dinheiro. Há verdadeiras igrejas
denominacionais que administram bem os seus dízimos e ofertas, à estas que o tempojá demonstrou responsabilidade e compromisso com o Reino de Deus, na que somos membros, é que devemos entregar nossos dízimos e ofertas.

8 - A BENDITA ESPERANÇA: A RESSURREIÇÃO E O ARREBATAMENTO DA IGREJA
8.1 - INTRODUÇÃO
      A salvação tem o aspecto individual (I Tm 1.15) e o lado coletivo (Ef 5.25). A
palavra igreja aparece duas vezes nos Evangelhos, por Jesus (Mt 16:18; 18:17). Nos versículos citados temos a Igreja universal e local. Numa linguagem teológica a Igreja universal se divide em Igreja militante, composta dos salvos que se acham vivos, e a Igreja triunfante, dos que já estão com Cristo. A Igreja é santa (Ef 5.26), é católica, ou seja universal, (Ap 5.29), a Igreja é apostólica (At 2.42; Ef 2.20). A Igreja é o corpo de Cristo (Rm 12.4-8; I Co12); Nesta convicção a nossa caminhada deve ser santa,marcada pela vocação e disposta para servir o próximo.
      Estamos aguardando o próximo passo do plano de Deus, ou seja, a ressurreição dos que dormem em Cristo que serão arrebatados juntamente com os santos vivos,esta é a realização da bendita esperança da Igreja.Rm 8.22-23: "Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora; e não só ela, mas até nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoração, a saber,
a redenção do nosso corpo."I Co 15.51-52: "Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, enós seremos transformados."
I Ts 4.16-18: "Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do
arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com
eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre
com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras."
Tt 2.13: "E outra vez: Porei nele a minha confiança. E ainda: Eis-me aqui, e os filhos que Deus me deu."
    A palavra arrebatamento vem do grego significando tomar ou arrancar com
força. Em Mt 12.29, temos: "Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e
roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? e então lhe saquear a casa." E ainda em Lc 11.22, está escrito: "mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava, e reparte os seus despojos. O nosso Senhor Jesus Cristo é o mais valente, tirando das mãos do deus deste século (IICo 4.4), a Igreja.Jesus através da sua morte vicária venceu o diabo, e a sua ressurreição nosjustificou (Rm 4.25), então podemos entoar o hino de vitória: "Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados, num momento,num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é
mortal se revista da imortalidade. Mas, quando isto que é corruptível se revestir da
incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá apalavra que está escrito: Tragada foi a morte na vitória" (I Co 15.51-54). A ressurreição do Senhor Jesus era a grande mensagem da Igreja Primitiva.
A maioria das religiões e filosofias não-cristãs consideram a história humana
ciclicamente; daí vem a questão da reencarnação, como uma roda da vida. A visão
bíblica da história é linear. Em Pv 4.18, diz que "Mas a vereda dos justos é como a luzda aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." A Igreja aguarda um desfecho final bendito, ou seja, "assim também Cristo, oferecendo-se uma só vez paralevar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperampara salvação" (Hb 9.28).

8.2 - A SEGUNDA VINDA DE CRISTO
A consciência cristã sobre a Segunda Vinda de Cristo implica em valores
destacáveis:
a) A grande importância da Segunda Vinda de Cristo, porque é a esperança central
da Igreja (At 23.26; Rm 8.20-25; I Co 15.19; Tt 2.13; I Pe 1.3 e II Pe 3.9-13).
b) Nos incentiva a uma vida santa. A vigilância caracteriza o crente que aguarda o
seu Senhor (Mt 24.44; Mc 13.35-36; I Ts 5.8; I Jo 2.28).
c) Estimula o serviço cristão, como vigilantes anunciadores (Mt 24.45-46; Lc 19.13 e II Co 5.10 -11).Como Jesus voltará? Esta é a grande pergunta que a Bíblia responde com precisão, sendo um retorno real, visível e literal, estamos falando vinda para a Igreja,como primeira fase deste seu segundo retorno à Terra.
a) Ele voltará pessoalmente (Jo 14.3; 21.20-23; At 1.11).
b) Voltará de forma inesperada (Mt 24.32-51; Mc 13.33-37).
c) A sua volta será em glória (Mt 16.27; 19.28 e Lc 19.11-27).
d) Voltará visivelmente (At 1.11).
A outra pergunta é "Por que Jesus voltará?", a Bíblia responde:
a) Para receber os seus para si mesmo (Jo 14.3), em corpos semelhantes aos dos
anjos (I Co 15.34-54; II Co 5.1-5; I Ts 4.17). Os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro, depois os que estiverem vivos serão transformados
instantaneamente.
b) Ele voltará para julgar os crentes, não é o Julgamento Final (para os não salvos),neste caso é o Tribunal de Cristo. Distribuirá recompensas pela obras de justiças aqui praticadas pela Igreja (Mt 25.14-30; Lc 19.11-27; I Co 13.3; II Pe 1.11).Também julgará o uso dos talentos e das oportunidades.
c) Removerá a força que restringe a ação plena do mal neste mundo (II Ts 2.6-8).

9 - AS BODAS DO CORDEIRO
Ap 19.7-9: "Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou, e foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. Disse-me ainda: Estas são as verdadeiras palavras de Deus."

9.1 - A GRANDE CEIA DO SENHOR JESUS
       Ao ressuscitar o Senhor Jesus Cristo foi preparar lugar para a sua Igreja (Jo
14.1-3; I Ts 4.16-17), garantindo o seu retorno para vir buscar a Igreja para levar para Ele.Em dado momento sabemos que acontecerá a bendita esperança, o
arrebatamento da Igreja, ou seja, os verdadeiros cristãos ressuscitados ou
transformados serão levados para o céu. Perante o Tribunal de Cristo prestaremos
conta do que praticamos por intermédio do corpo, bem ou mal, para recebermos a
recompensa correspondente (II Co 5.10).
        As Bodas do Cordeiro é a alegria no céu com a presença da Igreja, pelo grande triunfo do Senhor Jesus Cristo. Numa linguagem humana acontecerá uma ceia (Ap 19.9), é um momento comemorativo de regozijo, alegria e glória, sendo bemaventurados aqueles que participam desta ceia, vestidos de linho fino, branco e puro(Ap 19.14), que são as justiças dos santos (v.8).

9.2 - A GRANDE TRIBULAÇÃO
   Dn 12.1: "Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve,desde que existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo,todo aquele que for achado escrito no livro."
LEIA TAMBÉM: Mt 24.21-29; Ap 3.10; Jr 30.4-7; Is 24.17-21; Zc 14.1-3.
Cremos que o período de juízo para a dispensação da Graça ou da Igreja, será
a Grande Tribulação para os que não creram no Senhor Jesus Cristo e estão vivos.
Esse é o grande dia da ira de Deus sobre as nações (Ap 6.12-17). Haverá guerras, e pelo menos metade da população da terra será morta (Ap 6.4-8; 9.15-18). As pessoas serão queimadas, haverá grandes terremotos e enormes granizos. As cidades cairão e
as ilhas e montanhas desaparecerão (Ap 16.8-9; 18.21).
A Grande Tribulação na visão bíblica:
a) Daniel chama de uma tribulação jamais dantes experimentada (Dn 12.1).
b) Mateus descreve-a como a Grande Tribulação (Mt 24.21-29).
c) João diz que é a "hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar
os que habitam na terra"(Ap 3.10).
d) Jeremias chama de "tempo de angústia para Jacó" (Jr 30.4-7).
e) Tanto Isaías quanto Zacarias fazem referências dessa indignação de Deus contra
os habitantes da terra que não crêem no Senhor Jesus (Is 24.17-21 e Zc 14.1-3).
Haverá entre a humanidade um grupo de pessoas que foram comprados como
primícias para Deus e para o Cordeiro, sendo irrepreensíveis diante do trono de Deus (Ap 14.1-6). Neste período de intenso sofrimento humano muitos morrem no Senhor,
pagando um preço muito alto de tal forma que as suas obras os seguem (Ap 13.13).Na Grande Tribulação o mundo terá um governo puramente maligno,
globalizante pela besta e o falso profeta que serão exterminados num confronto final,numa intervenção direta e salvadora de Deus, no lugar em que hebreu se chama Armagedom (Ap 16.16).

10 - O JULGAMENTO DOS JUSTOS
Ao recebermos o Senhor Jesus Cristo como Salvador, temos a redenção do
espírito. Com a ressurreição receberemos a redenção do corpo e com o novo céu e a
nova Terra, teremos a redenção das demais coisas.
O julgamento do crente acontece das seguintes formas:

10.1 - JULGADO COMO PECADOR, EM CRISTO; JÁ ACONTECIDO NO DRAMA DO CALVÁRIO.
· Jo 5.24: "Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e
crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já
passou da morte para a vida."
· Rm 8.1: "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus."
· Rm 8.33: "Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus
quem os justifica;"
· II Co 5.21: "Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós;
para que nele fôssemos feitos justiça de Deus."
· Gl 3.13: "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós;
porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;"

10.2 - É JULGADO COMO FILHO DURANTE A SUA VIDA.
I Co 5.5: "seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus."

10.3 - SERÁ JULGADO COMO SERVO NO TRIBUNAL DE CRISTO.
· Ap 22.12: "Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para
retribuir a cada um segundo a sua obra."

10.3.1 - SERÁ UM JULGAMENTO DO TRABALHO CRISTÃO FEITO PARA DEUS (FAZER)
I Coríntios 3 8 Ora, uma só coisa é o que planta e o que rega; e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. 9 Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. 10 Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei eu como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. 11 Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. 12 E, se alguém sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, 13 a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. 14 Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão. 15 Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo II Co 9.6: "Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará,"Ler Mateus 20.1-16

10.3.2 - SERÁ UM JULGAMENTO DE CONDUTA DO CRISTÃO (SER)
II Co 5.10: "Porque é necessário que todos nós sejamos manifestos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, segundo o que praticou, o bem ou o mal."

10.3.3 - SERÁ UM JULGAMENTO DO TRATAMENTO DISPENSADO AOS IRMÃOSNA FÉ (RELACIONAR-SE)
Rm 14. 10: "Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu
irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Deus."
Tg 5.9: "Não vos queixeis, irmãos, uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está à porta"- Ler Mt 18.23-35
Verifica-se pelos textos acima que o "julgar" implica que seremos julgados. E
outro grande risco é o "desprezar".

11 - O MILÊNIO
"O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha
Siló; e a ele se congregarão os povos" (Gn 49.10).
LEITURA BÍBLICA: Ap 11.15; 20.4
11.1 - O QUE É MILÊNIO?
É um período de mil anos de reinado Messiânico, e, quando o Senhor Jesus,
depois de dominar todas as coisas, entregará o reino ao Pai (I Co 15.24-28).
11.2 - QUANDO SERÁ O MILÊNIO?
Optamos pela interpretação que o Milênio se dará depois da septuagésima
semana de Daniel, ou seja, depois da Grande Tribulação, período conhecido como
angústia de Jacó, Jr 30.7.Leia Mt 24.41; I Ts 4.16-17 e Ap 3.10.
11.3 - COMO SERÁ O MILÊNIO?
Os profetas tem uma visão da Jerusalém terrestre e João da celeste, a Nova
Jerusalém, descendo dos céus (Ap 21). Temos duas cidades, a terrestre e a celeste. Apalavra de ordem sairá de Sião (a cidade celeste), e será proclamada em Jerusalém terrestre (Is 2:3). Como no deserto (Ex 14.19-20; 40.34-36) Deus estará protegendo oSeu povo. Satanás estará preso (Ap 20), contudo ainda haverá maldição na terra: Is65:20. O último inimigo a ser destruído é a morte ( I Co 15.55-56; Rm 16.20; Hb 2.14-15).Haverá paz e justiça sobre a terra (Is 11.5), os animais perderão a sua ferocidade e passarão a ser herbívoros (Is 11.6-9; 65.25). O Senhor controlará os vendavais e os furacões (Is 32.2). Haverá saúde (Is 33.24; 30.26; 35.5-6; Zc 13.1).As doenças praticamente desaparecerão, haverá recursos tanto da parte de Deus como da natureza (Ez 47.12; Ap 22.2). Uma das características milenar é a longevidade dos humanos, que terão vida como as das árvores (Is 65.22), ou seja para os que são do Senhor.No milênio haverá plenitude do poder espiritual, principalmente na terra dos judeus (Jl 2.28); e haverá salvação para quem invocar o nome do Senhor (Jl 2.32).Todas as nações convergirão para Jerusalém onde estará o tabernáculo do Senhor O domínio de Jesus Cristo se estabelecerá em todas as dimensões (Ap 11.15;20.4). E os homens estarão conscientes desta Glória (Is 59.19; Ef 1.21- 23; Cl 1.16). Aterra será de uma felicidade nunca vista (Is 35:1-2; Jr 31.12). Haverá nascimento em grande proporção (Zc 8.5). Muitos se converterão ao Senhor, e os artefatos de guerra
serão transformados em ferramentas agrícolas (Is 2.4; Mq 4.3) e haverá salvação pelo conhecimento do Senhor e pelo Juízo do Altíssimo (Zc 8.7; Sf 3.19).
Nesta dispensação os judeus serão importantes, muitos gentios desejarão ter a
sua tutela espiritual (Zc 8.23). As nações irão a Israel tributar honras, por causa da
magnífica presença do Senhor em Jerusalém (Is 2.3; Mq 4). Jerusalém será a capital do mundo.Importante também é que Cristo e Seus santos, em corpos glorificados, reinarãona nova Jerusalém (Fl 3.20-21; II Co 4.18; 5:21; Hb 11.10;16; 12:23; Ap 21.8-24; 22.1-
5). Como Deus enviou Moisés e Elias para falarem com Jesus (Mc 9.4; Lc 9.30-31),Deus também usará os santos glorificados para serem portadores da mensagem deCristo, diretamente do Trono.

11.4 - E A IGREJA?
João viu a cidade da Igreja, não tinha santuário, a cidade é o próprio santuário
(Ap 21.22), pois Deus e o Cordeiro são o seu santuário. Os salvos, em corpos
glorificados estarão servindo a Deus na cidade celestial (Ap 22.4).
Então no Milênio, haverá dois estados distintos: o dos santos glorificados no
esplendor da presença gloriosa de Cristo, habitando na cidade celeste, não sujeitos a leis físicas; e os vivos habitando na terra (Jerusalém terrestre).
Após a ressurreição do Senhor Jesus Cristo (Mt 28.16-20; Mc 16.9-20; Lc 24.13-
53; Jo 20.11-31; 21.1-14; At 1.6-11), Ele ainda conviveu com os seus discípulos, então, o eterno, o glorificado, convivendo harmoniosamente com o mortal, esta é a forma como acreditamos que será no Milênio. A transfiguração (Mt 17.1-8) é outra realidade análoga.Jesus declarou que os apóstolos julgarão as doze tribos de Israel (Mt 19.27-28).I Co 6.2-3): "Porventura não sabeis que os santos hão de julgar o mundo...? quejulgaremos os anjos?"
"A graça do Senhor Jesus seja com todos"

12 - O JUÍZO FINAL: O TRONO BRANCO
12.1 - O JULGAMENTO FINAL
      A Bíblia deixa bastante claro que haverá um julgamento final, quando os que não aceitaram o Senhor Jesus Cristo ressuscitarão para serem julgados de conformidade com as sua obras. Aquele que não tiver o nome inscrito no Livro da Vida será lançado com o diabo e seus anjos no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda morte, onde já estarão a besta e o Falso Profeta (Ap 19, 20; 20.11-15 e 21.8).A Igreja já ressuscitada ou transformada, tendo já comparecido ao Tribunal de Cristo participado do Milênio, lógico que não passará pelo Trono Branco (I Ts 4.17).
     O Tribunal de Cristo visa os santos onde será decido quanto aos méritos dos serviços que prestamos ao Reino de Deus aqui na Terra.Os que morreram em sua impiedade, porém, terão de enfrentar o julgamento final (Trono Branco) e conseqüentemente o castigo final: a Segunda morte.
Haverá também um julgamento dos anjos: "Não sabeis vós que havemos de
julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?" (I Co 6.3).
Todo o julgamento Deus Pai deu ao Filho: "Porque o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o julgamento" (Jo 5.22).

12.2 - A REBELIÃO FINAL
Terminado o Milênio, Satanás será solto por um breve período, onde Deus
mostra sua justiça. Muitos ainda darão ouvido ao mal. Nada mais resta senão o
Senhor julgá-los e executar a Segunda morte. O lago de fogo não foi preparado para
os seres humanos, foi destinado ao diabo e seus anjos: "Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno,
preparado para o Diabo e seus anjos;" (Mt 25.41), as pessoas vão para lá, por
opção.12.3 - O GRANDE TRONO BRANCO
Comparecerão diante do Trono Branco: "os mortos, grandes e pequenos" (Ap
20.12). Quanto aos justos, que participaram da primeira ressurreição, já estão com os seus corpos imortais e incorruptíveis, servindo a Deus de uma forma perfeita. Os que foram salvos durante o Milênio, segundo Stanley M. Horton, "provavelmente receberão novos corpos antes dos mil anos se passarem - talvez após um período de provas."O julgamento do grande Trono Branco estabelecerá destino final do ímpios. Asdecisões tomadas nesta vida são irreversíveis na eternidade.

12.4 - LAGO DE FOGO
     Como já sabemos o lago de fogo é a Segunda morte, onde serão lançados os
que não tiveram o seu nome escrito no Livro da Vida. A Segunda morte é a separação final entre a pessoa e Deus; os ímpios perderão a glória dos novos céus e a nova terra. A morte e o Hades (lugar provisório dos ímpios mortos) também serão lançados no lago de fogo, ou seja, não terão partes na nova criação. "Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte" (I Co 15.26). Destaquemos Ap 20.10: "eo Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos séculos."Como também Ap 20.15, que diz: "E todo aquele que não foi achado inscrito nolivro da vida, foi lançado no lago de fogo".
     Não há em Deus nenhum interesse que alguém se perca; Ele quer que todos os
humanos chegue ao nível pleno do arrependimento: "O Senhor não retarda a sua
promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a
arrepender-se" (II Pe 3.9).

12.4-CONCLUSÃO
      A escolha é pessoal de cada uma das pessoas de céu ou condenação eterna.
Sendo que a salvação, sabemos muito bem, que é exclusivamente por intermédio deJesus Cristo: "e toda a carne verá a salvação de Deus" (Lc 3.6).

13 - NOVO CÉU E A NOVA TERRA
II Pe 3.13: "Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e
uma nova terra, nos quais habita a justiça"

13.1 - TUDO NOVO
    Tanto o Antigo como o Novo Testamento falam de um novo céu e uma nova
terra: Is 65.17; 66.22; Ap 21.1. Muitos estudiosos acreditam mais na renovação dos atuais céus e terra do que numa nova criação, isto porque:
a) a Bíblia fala de "colinas eternas" (Gn 49.26; Hb 3.6);
b) da terra que fundada para sempre (Sl 78.69; 10.4.5; 125.1-2);
c) "a terra permanece para sempre" (Ec 1.4).
Examinando o que Pedro escreveu em II Pe 3: "10 Virá, pois, como ladrão o
dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos,
ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas. 11
Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que pessoas
não deveis ser em santidade e piedade, 12 aguardando, e desejando
ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e
os elementos, ardendo, se fundirão? 13 Nós, porém, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça." Então todo o nosso mundo físico que hoje tem a sua morte termodinâmica, realmente será destruído.A palavra "nova", segundo Horton, usada para indicar a nova terra, também é utilizada para descrever a nova natureza do Filho de Deus como uma nova criação (IICo 5.17; Gl 6.15; Ef 4.24). Palavra também usada para indicar coisas previamentedesconhecidas, nunca ouvidas, inéditas, como o novo nome (Ap 2.17). Essa palavra éusada igualmente para indicar a Nova Jerusalém.

13.2 - A NOVA JERUSALÉM
       A Nova Jerusalém será de uma beleza e perfeição plena, divina (Ap 21.23; 22.5).Nela haverá a plenitude do conhecimento (I Co 13.12). Será um lugar de interessantes atividades, um lugar de descanso e refrigério (Ap 14.13 e 21.4). Nessa nova dimensão prestaremos um serviço perfeito ao Senhor Jesus (Ap 7.15; 22.3). Será repleta de alegria (Ap 21.4), teremos comunhão maravilhosa (Jo 14.3; II Co5.8; Fp 1.23; I Ts4.13-18; Hb 2.22-23).Não haverá mais dor, nem solidão, nem sofrimento algum, perdas, lacunas,ações imperfeitas. Teremos uma nova natureza, divina, perfeita. Aí verificaremos o
real sentido por termos feito opção pelo Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Porque:
"porque o Cordeiro que está no meio, diante do trono, os apascentará e os
conduzirá às fontes das águas da vida; e Deus lhes enxugará dos olhos toda
lágrima" (Ap 7.17).

Pr Otoniel Marcelino de Medeiros
otonel@ufrnet.br


Postado em: 28/02 ás 14:40

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Título: O pecado e seus aspectos
Texto : Iz 59.2        mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos [pecados] esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça.

INTRODUÇÃO :
        O assunto em pauta é tão importante, que consta em toda a bíblia do Genesis  ao Apocalipse. Isso ocorre porque o pecado é a raiz de todos os males na terra. O pecado surgiu no mundo com o propósito de destruir os homens espiritualmente, emocionalmente,psicologicamente e fisicamente. O autor do pecado foi Satanás e ele continua fomentando o pecado na terra em suas muitas maneiras.
                 
I.  ORIGEM DA PALAVRA :
          No grego a palavra é amartia. Esse termo é derivado de uma raiz que significa “errar o alvo, fracassar    O Novo Testamento usa outros vocábulos para descrever o pecado sob muitas formas. Vejamos:
      a)  Anomia   (Significa desregramento,desvio da verdade conhecida,da retidão moral)
  Todo aquele que vive habitualmente no [pecado] também vive na rebeldia, pois o [pecado] é rebeldia”.    1 Jo3.4          
b)  Asebeia  (Significa oposição a Deus e aos seus princípios, em autentica rebelião da alma.)“ se, reduzindo a cinza as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as à destruição, havendo-as posto para exemplo aos que vivessem (impiamente)  2 Pe 2.6 
c) Parabasis (Significa transgredir contra princípios piedosos “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;  Porque o mesmo que disse: Não adulterarás, também disse: Não matarás. Ora, se não cometes adultério, mas és homicida, te hás tornado [transgressor] da lei. )  Mt 6.14; Tg 2.11
 d) Paranomia  (Significa quebra da Lei, afastamento da Lei Moral, Significa ainda Passos em falso. Propositadamente caímos para um lado,desviando-nos pela tangente)  Então Paulo lhe disse: Deus te ferirá a ti, parede branqueada; tu estás aí sentado para julgar-me segundo a lei, e contra a lei mandas que eu seja ferido?; 16 mas que foi repreendido pela sua própria transgressão: um mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. mortos em nossos (delitos), nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),  At 23.3; 2 Pe 2.16                                                        

II OBJETIVOS DO PECADO
2.1 Separar o homem de Deus- mas as vossas iniqüidades fazem (separação) entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça.Iz 59.2
2.2 Causar perdas- espirituais e morais “e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.Mt 24.12
2.3 Causar sofrimento – “ Então o Senhor perguntou a Caim: Por que te iraste? e por que está descaído o teu semblante? Gn 4.6
2.4  Causar morte -  Falou Caim com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo, Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou. Gn 4.8

III   CAUSAS DO PECADO NA VIDA DO CRENTE
3.1 A natureza pecaminosa, a semente do pecado está em nós “20 Porquanto a criação ficou sujeita à [vaidade], não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, Rm 8.20
3.2 Por amar o  sistema mundial que está sob o domínio de Satanás “15 Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele; 16 Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo; 17 Ora, o mundo] passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre.1Jo 2.15-17)
3.3 Falta de Oração, estudo da palavra de Deus e vigilância “ Ensina-me a fazer a tua [vontade], pois tu és o meu Deus; guie-me o teu bom Espírito por terreno plano.Sl .143.10
Deleito-me em fazer a tua [vontade], ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração.Sl 40.8 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.Mt 26.41

IV CONSEQUÊNCIAS DO PECADO NA VIDA DO CRENTE
a) Perda da comunhão com Deus ‘ Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade; 1 Jo 1.6 Vale ressaltar que é a prática do pecado que nos separa de Deus.
b) Oportunidade aos inimigos de Deus para blasfemar de Deus “ Todavia, porquanto com este feito deste lugar a que os inimigos do Senhor blasfemem, o filho que te nasceu certamente morrerá.2 Sm 12.14
c) Possível morte prematura “ Não sejas [demasiadamente] ímpio, nem sejas tolo; por que morrerias antes do teu tempo? Ec 7.17 exemplos Ananias e Safira At 5; 30 Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem.1 Co 11.30
d) Perda do Galardão “Ora, uma só coisa é o que planta e o que rega; e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.1 Co 3.8
e) Mau exemplo “ falou-lhe conforme o conselho dos mancebos, dizendo: Meu pai agravou o vosso jugo, porém eu ainda o aumentarei; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões. 1Rs 12.14

V-  ATITUDES DO CRENTE PARA COM O PECADO
 a) Reconhecê-lo “ Pois eu (conheço) as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.;
b) Evitá-lo  A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro. 1 Tm 5.22 Exemplo Jesus Mt 4 a tentação;
c) Detestá-lo “ Pelos teus preceitos alcanço entendimento, pelo que [aborreço] toda vereda de falsidade. Sl 119.104;
d) Resistí-lo “ele não é maior do que eu nesta casa; e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto és sua mulher. Como, pois, posso eu cometer este grande mal, e pecar contra [Deus]? Gn 39.9
e) Confessá-lo “Confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado.Sl 32.5
f) Abandoná-lo “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia. Pv 28. 31

Conclusão:
O pecado atrapalha completamente a vida do  crente. Todo genuíno crente recebe em seu intimo esta verdade, e por isso, busca viver separado  continuamente do pecado.

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                                                       A  Plenitude do Espírito Santo

Texto Áureo: Ef 5.18  E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito,
Objetivos: Esclarecer a diferença entre “ter o Espírito” e ser “cheio do Espírito” e estimular cada crente a se deixar  encher pelo Espírito Santo.
                                                                                                                
INTRODUÇÃO :
           O assunto que hoje estaremos estudando, ou melhor  a expressão que usamos no título deste estudo: “Plenitude do Espírito” tem dado motivos a muitas controvérsias entre cristãos sinceramente desejosos de compreender e fazer a vontade de Deus.
           Que significa essa expressão e aquela que lhe é semelhante “encher-se’ ou “estar cheio do Espírito”
           Pensemos, com humildade, primeiramente uma coisa, freqüentemente discutimos baseando-nos em palavras e termos que passam a receber sentido restrito e especial no uso que fazemos deles, quando outros aparentemente discordam de nós por usarem palavras e termos diferentes para o mesmo assunto. O pensamento de muitos é idêntico, mas a linguagem é diferente. E como o pensamento de alguém só se pode exprimir a outros por  meio da linguagem que ele usa, daí resultam as incompreensões e até mesmo dissensões entre os que, concordam no mesmo assunto, porém, apresenta-os  em terminologia diversa.
           Faremos bem, pois,como adverte o apostolo Paulo, “Já que temos recebido, não o espírito do mundo,mas o Espírito que é  de Deus, para que conheçamos o que Deus nos tem dado gratuitamente”(1 Co 2.12) faremos bem em nos determos e rogar a Deus que este bendito revelador e interprete não só nos revele nosso privilégio e herança no Espírito Santo, mas que também nos ensine a empregar e a esclarecer os termos pelos quais é designado.
          E certamente os termos melhores são os termos bíblicos, examinados e escolhidos dentro das circunstâncias dos fatos e das idéias em que foram empregados . Assim sendo procuraremos fazer para expor o assunto “ A plenitude do Espírito Santo

I -  ENCHEI-VOS DO ESPÍRITO SANTO:
          Esta é a passagem clássica. A todos os filhos de Deus foi revelada essa sua vontade através da exortação de Paulo “ E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito, (Ef 5.18).
         Enchei-vos do Espírito!. Qual o contexto de idéias em que surge essa exortação?. A que fatos se refere o apostolo, identificando-os com a plenitude ou enchimento do Espírito?. Vejamos:
1.1  A Epistola aos Efésios            
         Essa Epistola tem uma parte doutrinária e outra parte prática,se assim podemos dizer.Na  primeira, ele se refere á igreja, revelando-a como criação de Deus em Cristo Jesus e mostrando, a sua gloriosa vocação como corpo de Cristo e templo santo do Senhor.Do capitulo 4, verso 7 em diante, começa a parte prática, de exortações e ensinos que visam conduzir os crentes a viverem ‘como é digno da vocação com que foram chamados”.  Se  a primeira parte descreve a igreja, a segunda descreve a vida prática do genuíno crente.

1.2 A cidade de Èfeso 
          Éfeso,  onde estava a igreja  a que Paulo escrevia, era o grande centro do culto de Diana,deusa venerada em toda a Ásia e arredores “ Porque certo ourives, por nome Demétrio, que fazia da prata miniaturas do templo de Diana, proporcionava não pequeno negócio aos artífices; E não somente há perigo de que esta nossa profissão caia em descrédito, mas também que o templo da grande deusa [Diana] seja estimado em nada, vindo mesmo a ser destituída da sua majestade aquela a quem toda a Ásia e o mundo adoram.  Ao ouvirem isso, encheram-se de ira, e clamavam, dizendo: Grande é a Diana dos efésios! (At 19.24,27,28). A historia dá testemunho do que eram as festividades e os cultos pagãos,a onda de dissolução, bebedices, e impurezas que os caracterizavam.Na Grécia e nas colônias gregas da Ásia o uso do vinho e das bebidas fortes eram comum. Dionísio ou Baco era o deus das vinhas e sempre estava associado, nas libações dos adoradores, nas solenidades em honra aos outros deuses.
1.3 A postura do crente
        Paulo começa (4.17) mostrando que o  crente deve ser diferente dos demais gentios que ainda permanecem na vaidade dos seus sentidos e que, havendo perdido todo sentimento, “se entregaram á dissolução, para com o avidez, cometerem toda a impureza”. O genuíno crente  despoja-se do velho homem e se reveste do novo, que foi gerado pelo poder do Espírito Santo tendo como agente a palavra de Deus. Está selado,separado,marcado pelo Espírito Santo e essa mudança de seu interior o deve conduzir a uma vida diferente da dos demais homens. É interessante notar de 4.17 a 5.21, a ênfase que Paulo põe neste contraste: de um lado, a violência, a falta de entendimento e a impureza pessoal e social dos gentios, e do outro lado, a vida controlada,simples, sensata, benigna, frutuosa do genuíno crente. Paulo certamente está se lembrando dos festivais pagãos,quando os adoradores falavam uns aos outros ‘nas antífonas dos hinos a Artemísia, Dionísio e a outros deuses, nos coros e estrofes de suas cantorias, ao escrever a advertência e exortação de 5.17-21 “ Por isso, não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.  E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,  sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo],  sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.
        O encher-se de vinho conduzia os pagãos ao tipo de vida que viviam. Sob sua influência, eram o que eram. O genuíno crente, porém, enche-se do Espírito para que em  sua vida se vejam os testemunhos de sua nova condição. O fruto da videira conduz a dissolução,embriaguez e a perversão gentia.Porém”pois o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade”(Ef 5.9).
      “Encher-se do Espírito” está pois posto em contraste com o “encher-se de vinho”.Mostra,pois o motivo, o poder, que produz e sustenta a vida nova dos que estão em Cristo, que os faz diferentes dos demais homens.”  Por isso daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos desse modo. Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo 2 Co 5.16,17).

II – TER O ESPÍRITO E ENCHER-SE DO ESPIRITO:
        É  necessário compreendermos que possuir algo é diferente de possuirmos algo totalmente, plenamente,completamente. Podemos possuir algo de modo parcial, ou seja, podemos possuir apenas uma parte de alguma coisa. Isso pela exortação de Paulo aos efésios fica claro quando usa a expressão ‘enchei-vos”; partia ele do princípio que eles possuíam o Espírito Santo, porém, precisavam encherem –se.
        Lembremos também da promessa do Senhor Jesus Cristo aos seus discípulos “ E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais [revestidos] de poder.(Lc 24.49). O princípio é o mesmo; Jesus usa o termo revestir-se, só pode revestir-se quem já estar vestido.
       
2.1- Todo genuíno crente tem o Espírito Santo   
        Todo genuíno crente tem o Espírito Santo; se não o tem não é um genuíno crente. É o Espírito Santo que opera o Novo Nascimento, sem o qual ninguém pode tornar-se crente genuíno.Aos próprios efésios Paulo diz: “ no qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. E ainda outro vez:” no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito.(Ef 1.13;2.22). Paulo ainda escrevendo aos Romanos afirma:” Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.  Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.  O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.9,14 e 16).

2.2 Todo genuíno crente deve buscar a plenitude do Espírito Santo
      Pois a estes efésios, que Paulo crê firmemente serem genuínos crentes, possuidores do Espírito Santo, o apostolo exorta:”Enchei-vos do Espírito Santo”. Oswald Smith, grande evangelista, pastor e escritor, escreve com muita propriedade em um de seus livros, comentado, o texto em foco; “ tudo isso significa simplesmente, que existe diferença entre o crente “ter” o Espírito Santo e “estar cheio dEle”. Em seu livro a concessão do poder ele declara: “permiti que eu diga que não se trata de possuir maior dose do Espírito, mas o Espírito Santo possuir uma maior parte de nossa personalidade.
      Paulo afirma existir crente carnal e crente espiritual:”  E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo.  porquanto ainda sois [carnais]; pois, havendo entre vós inveja e contendas, não sois porventura carnais, e não estais andando segundo os homens? (1Co 3.1,3). A diferença entre eles está em que o crente carnal não se deixa guiar livremente e em tudo pelo Espírito, e o crente espiritual tem afinidades com o Espírito, fazendo da vontade do Espírito sua própria vontade. Podemos afirmar um possui o Espírito, porém não está pronto a obedecê-lo em tudo,  o outro é possuído pelo Espírito, ou seja, se deixa conduzir, em tudo pelo Espírito Santo. “ Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”(Gl 2.20)

III- ENCHER-SE DO ESPIRITO E RECEBER DONS DO ESPIRITO:
       O enchimento do Espírito Santo, refere-se ao total controle do Espírito  em todas as áreas da vida do crente.E o crente cheio do Espírito, manifestará como fruto dessa atuação de Deus em sua vida,  o Fruto do Espírito. Deus  em sua soberana vontade,, pode capacitar o genuíno crente com dons espirituais de acordo com a obra proposta para cada crente  no plano eterno de Deus.
3.1-Qual o sinal da plenitude do Espírito?.
       Muitos afirmam que essa plenitude se manifesta por poderes sobrenaturais, tais como: falar línguas curar enfermos, ou tornar-se espetacular e eficiente pregador,evangelista,etc.. Sobre os dons espirituais o enfoque seria em outro estudo. Basta-nos aqui, verificar no texto paulino que ele não relaciona o encher-se ou está pleno do Espírito com qualquer poder extraordinário conferido ao crente
3.2O fruto do Espírito é a evidência mais adequada para se avaliar a plenitude
       Jesus disse:” E já está posto o machado á raiz das árvores; toda árvore, pois que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.  Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus.  Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom; ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. (Mt 3.10,17.18;12.33). E o fruto do Espírito, diz Paulo: “ pois o fruto da luz está em toda a bondade, e justiça e verdade,(Ef 5.9). Em gálatas ele é mais explicito:”  Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade,  a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei.(Gl 5.22,23)

3.3- Sinais maravilhosos, sobrenaturais nem sempre operados pelo Espírito de Deus.
        Sinais de maravilhas nem sempre são de origem divina, Muitas vezes, como a própria bíblia ensina, podem não ter origem divina, mas diabólica.Portanto cumpre estar vigilante, para não aceitá-los como prova definitiva.vejamos o que disse Jesus:  Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. (Mt 7.20) e sobre sinais maravilhosos: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres?  Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. Mas o fruto do Espírito é definitivo. E é fruto, não frutos. Consiste o  fruto de elementos espirituais formando um caráter cristão integro e consistente, capaz de vencer o pecado e de dar testemunho de Cristo em quaisquer circunstâncias.
        Se alguém disser que recebeu a plenitude do Espírito, ou atingiu essa plenitude, porque é capaz desta ou de outra atividade, é bíblico que provemos os espíritos, conforme nos aconselha João em sua primeira carta: “ Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.(1Jo 4.1) E o teste para a plenitude do Espírito encontra-se em no ensino de Paulo sobre o assunto: “Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei. pois o fruto do Espírito  está em toda a bondade, e justiça e verdade (Gl 5.22,23;Ef 5.9). Vale ressaltar que a bíblia afirma que João Batista era cheio do Espírito Santo desde o ventre  porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe” e não atribui a ele sinais miraculosos.
3.4- o que é então ser cheio ou pleno do Espírito?
        Nesse texto paulino de efésios “encher-se ou estar pleno do Espírito” é possuir, gozar, desfrutar,  plenitude de vida espiritual, vida controlada e  conduzida pelo Espírito, com testemunho público que glorifique a Deus e enalteça a Cristo e o seu reino. É ter o completo companheirismo com o Espírito de Deus na vida comum e diária.
        Não é de outra maneira que “cheios do Espírito” se refere aos pais de João Batista, Barnabé, os sete escolhidos para diáconos em que a expressão utilizada denota a integridade espiritual  da fé e o testemunho.

4. ‘CHEIO DO ESPÍRITO”, AUTORIDADE PARA O SERVIÇO:
        A bíblia nos afirma que as multidões observaram que Jesus pregava como  tendo autoridade “Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam de sua  doutrina;  porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas (Mt 7.28,29).
Portanto, o encher-se do Espírito tornar-se um imperativo, haja visto  que todos os crentes foram  salvos para servir a Deus.

4.1 Encher-se do Espírito Santo é credencial e autoridade para servir
      Se de um lado encontramos a expressão para indicar a integridade espiritual, que deve ser alvo da vida de todo crente, de outro lado encontramos a mesma expressão sendo utilizada para indicar a unção,a capacidade e a autoridade  do Espírito para alguma missão especial,quer para mostrar a fonte de autoridade e poder com que algum trabalho era realizado ou entregue alguma mensagem.A referência aqui já não é tanto ao caráter pessoal (como no caso anterior), mas ao estado ou capacidade do obreiro em sua obra. Como aconteceu no momento  em que Pedro toma a palavra e prega o Evangelho explicando o fato da cura do coxo”  Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e vós, anciãos,” (At 4.8).
     Assim João Batista seria cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe para ser o precursor de Jesus na mensagem do reino “ porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe;  converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus; irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido.(Lc1.15 a 17)
       Estevão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais ‘ Ora, Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo’, (At 6.8); da mesma forma  Paulo “Todavia Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos nele,disse em alta voz: levanta-te direito sobre os teu pés. E ele saltou e andava”. E ainda quando Ananias vai até Paulo “ Partiu Ananias e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, enviou-me para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo.(At 9.17) “Cheio do Espírito” aparece sempre, nesses casos, em posição que os gramáticos chamam de predicativa,indicando o estado da pessoa, ou como no primeiro e no último exemplo (João e Paulo) como referência á unção para a tarefa que haviam de executar.

CONCLUSÃO:
      Resumindo o que vimos até agora, examinando o sentido dos textos bíblicos e não qualquer sistema de interpretação previamente escolhido, podemos concluir que:
a)Todo crente genuíno é batizado com o Espírito Santo,no momento de sua conversão, mas nem todos são cheios, dirigidos e controlados totalmente por Ele;
b) é a vontade de Deus que todos sejam cheios do Espírito, no sentido de que todos, na realidade, tenham uma vida abundante que somente o Espírito Santo  concede;
c) O enchimento ou plenitude se manifesta na vida comum, segundo o fruto do Espírito em Ef 5.9 e Gl 5.22);
d) A expressão cheio do Espírito, aplicada, nesse sentido, a todos os genuínos crentes, como experiência que eles devem possuir, não se acompanha, obrigatoriamente, de qualquer indicação de poderes especiais ou dons miraculoso, é sim, poder para viver a ávida cristã plenamente.Pois, somente cheio do Espírito o crente pode  viver plenamente o Evangelho de Cristo.
e) Cheio do Espírito indica, ainda, em vários passos, que a pessoa não  agiu ou falou de si mesma, com seus próprios poderes, mas no poder do Espírito, impulsionada por Ele; 
f) É impossível alguém ser cheio do Espírito Santo  para o serviço, se não o tiver sido na vida pessoal e comum.e
g) É bem natural que um crente cheio do Espírito Santo, receba de Deus dons sobrenaturais, que o capacitarão para o serviço cristão, esses dons funcionarão como ferramentas em momentos designados e proporcionados por Deus para glória do seu nome e crescimento do seu reino.
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             PRESERVANDO A DOUTRINA - A MISSÃO CONSERVADORA DA IGREJA

À Igreja cabe a proclamação, a sustentação e a defesa da sã doutrina entre os homens.

INTRODUÇÃO

- Paulo denomina a Igreja de “coluna e firmeza da verdade” (I Tm.3:15). Como corpo de Cristo, que é a Verdade (Jo.14:6), a Igreja é a única instituição sobre a face da Terra que pode viver a verdade e, por isso, sustentá-la e defendê-la num mundo que vive enganado pelo pai da mentira.
- Como guardiã da verdade e se santificando nela (Jo.17:17), a Igreja tem a difícil tarefa de proclamar, sustentar e defender a sã doutrina, a Palavra de Deus. Lamentavelmente, porém, nos dias de apostasia em que vivemos, cada vez mais notamos o abandono da verdade por milhares de sedizentes cristãos.

I – O QUE É DOUTRINA E O SEU PAPEL NA IGREJA

- Doutrina é palavra de origem latina, cujo significado é “conjunto coerente de idéias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas”. Em latim, “doctrina” significa “ensino, instrução dada ou recebida, arte, ciência, doutrina, teoria, método”. Assim, a doutrina é um ensinamento, uma instrução que alguém dá a outrem. Aliás, a palavra “doctrina” é derivada de “docere”, que significa ensinar. Doutrina, portanto, é um ensinamento, um ensino, uma instrução que alguém que sabe (o sábio ou “doutor”) dá a alguém que não sabe (o aprendiz).
- Vemos, portanto, pelo seu significado latino, que “doutrina” significa ensino e, portanto, quando falamos em “doutrina bíblica” estamos a falar no “ensino da Bíblia”. Ora, a Bíblia é a Palavra de Deus e, portanto, o “ensino da Bíblia” nada mais é que o ensino da Palavra de Deus, o ensino de Deus ao homem. “Doutrina”, portanto, é o ensino que Deus dá ao homem a partir da Sua Palavra, da revelação divina à humanidade, que consta da Bíblia Sagrada.
- Ora, se a doutrina é a Palavra de Deus e esta Palavra, como nos ensinou Jesus, é a Verdade (Jo.17:17), quando o apóstolo Paulo denomina a Igreja de “coluna e firmeza da verdade”(I Tm.3:15), está a dizer que a Igreja é a “coluna e firmeza da doutrina”, ou seja, cabe à Igreja sustentar e manter a doutrina, a Palavra de Deus.
1.1 A primeira vez que aparece a palavra doutrina na Bíblia
- A primeira vez que surge a palavra “doutrina” nas Versões Almeida (Revista, Corrigida, Fiel e Contemporânea) é em Dt.32:2, onde, no cântico de Moisés, consta a expressão “goteje a minha doutrina”, palavra que é a tradução de “leqach”(לקח), cujo significado é “ensino”, “instrução”, tanto que a palavra é traduzida por “ensino” em outras versões bíblicas (como a Tradução Brasileira, a Nova Tradução na Linguagem de Hoje e a Nova Versão Internacional). Neste primeiro aparecimento da palavra, ainda que em um contexto poético, percebe-se claramente que Moisés considera que todos os ensinos que havia dado ao povo de Israel, ensinos estes que eram resultado da revelação divina ao próprio Moisés, constituíam ensinos que deveriam ser continuamente ministrados ao povo e que representavam para este povo a sua própria fonte de vida, a sua própria renovação, pois deveriam estes ensinos “gotejarem”, ou seja, pouco a pouco, de forma contínua e permanente, cair sobre o povo, a fim de lhe dar vida, assim como a chuva e o orvalho, pela manhã, fazem em relação à terra.
- Esta expressão de Moisés, também, mostra-nos que a doutrina é algo que vem do alto, que vem do céu, seja na forma de chuva, seja por meio da condensação do vapor d’água encontrado no ar(o orvalho), indicando-se que a doutrina não é obra do homem, mas resultado da revelação divina, de um ensino vindo diretamente da parte do Senhor.
- Por fim, a expressão de Moisés dá-nos a nítida noção de que o trabalho da doutrina é manter a vida e uma vida renovada no ser humano, pois é comparada ao chuvisco sobre a erva e a gotas d’água sobre a relva. Todos nós já divisamos, pela manhã cedinho, o orvalho que está a manter molhadas as ervas e a relva, mantendo-as bem verdes, dando-lhes vida, vigor e exuberância (i.e., beleza). Os campos verdes, pela manhã, aquele frescor que sentimos quando nos encontramos em uma área verde logo pela manhã, que tão bem nos faz à saúde, é o resultado desta ação refrescante da chuva e do orvalho. Este é o papel da doutrina em nossa vida espiritual: refrigério para a nossa alma, renovação de nossas forças espirituais, concessão de beleza e de prazer aos nossos corações e a todos quantos travam contacto conosco. Bem se vê, portanto, que bem ao contrário dos que dizem que a doutrina torna o homem insensível a Deus, vemos que o papel da doutrina é precisamente o de nos conceder vida, vida abundante, refrescor e sensibilidade diante de Deus e dos homens.
- Por isso, a Igreja, na sua função de “coluna e firmeza da verdade”, faz com que o refrigério de Cristo alcance as vidas humanas. Ao defender a sã doutrina, a Igreja não está fazendo outra coisa senão levar aos homens o amor de Deus, o consolo do Senhor, a felicidade e a dignidade de que o homem é tão carente, separado que está de seu Criador pelo pecado. Não é outro o sentido da pregação de Pedro, registrada em At.3:19, quando disse aos ouvintes que deveriam se arrepender e se converter, para que os pecados fossem apagados e viessem os tempos do refrigério pela presença do Senhor.
- O refrigério pela presença do Senhor é algo que somente advém ao ser humano mediante o ensino da Palavra de Deus, mediante a ministração da doutrina. Jesus, mesmo, afirmou que somente encontraríamos descanso para as nossas almas quando aprendêssemos dEle, que era manso e humilde de coração (Mt.11:29). “Refrigério”, como sabemos, é o “ato ou efeito de refrigerar(-se); sensação agradável produzida pela frescura; consolo, alívio de qualquer natureza; conforto moral “. Somente através do “refrigério”, conseguimos ter a mudança de nosso caráter, tornando-o o nosso “eu”, sem empenho, arrefecido, esfriado, pois “refrigério” vem da palavra latina “frigere”, que tem, entre outros significados, o de esfriar, perder o empenho, arrefecer.
- Jesus afirmou que, para nós O seguirmos, precisamos renunciar a nós mesmos. Quem não renuncia a si mesmo não pode ser discípulo de Jesus (Mt.16:24; Lc.14:33). Para renunciarmos a nós mesmos, temos de fazer com que o velho homem, a velha natureza seja crucificada com Cristo (Gl.2:20) e isto só é possível se tivermos o refrigério pela presença do Senhor, ou seja, o aprendizado de Cristo, o que se dá única e exclusivamente pela doutrina. É preciso que soframos a sã doutrina (II Tm.4:3), isto é, que suportemos a doutrina, que nos submetamos a ela, pois só assim teremos descanso para as nossas almas, só assim manteremos o velho homem, a natureza pecaminosa sob domínio do Espírito Santo e poderemos servir a Jesus até o dia da glorificação.
- Esta tarefa da ministração da doutrina é mais uma das missões destinadas pelo Senhor Jesus à Igreja. O Senhor constituiu na Igreja pessoas para esta tarefa de ministrar a Palavra de Deus, pessoas a quem deu os dons ministeriais (Ef.4:11-16), a fim de que os salvos possam se tornar verdadeiros e genuínos discípulos do Senhor Jesus e cresçam espiritualmente, formando Cristo em cada um deles (Gl.4:19).

1.2-A segunda vez que aparece a palavra doutrina na Bíblia
- A segunda vez que vemos a palavra doutrina nas Versões Almeida é em Jó 11:4 (é importante lembrarmos que Jó seja, talvez, o livro mais antigo da Bíblia e, portanto, a sua referência seria anterior mesmo a de Dt.32:2), que é a mesma palavra “leqach” já mencionada. Aqui, um dos “amigos” de Jó, Zofar, acusa Jó de dizer que a “sua” doutrina era pura e que ele se sentia limpo aos olhos de Deus. A palavra “doutrina”, aliás, também é empregada pela Tradução Brasileira, pela Nova Tradução na Linguagem de Hoje e pela Nova Versão Internacional. Temos o mesmo significado do texto anterior. Embora se esteja a referir a um conjunto de ensinos de Jó, Zofar está a considerar que o patriarca é presunçoso ao querer dizer que seus ensinos são provenientes da parte de Deus. Doutrina continua a ser considerada como um ensino vindo da parte de Deus, um ensinamento com origem no céu.
- Dentro deste sentido, vemos que a doutrina não é algo que venha da Igreja, mas algo recebido do céu para a Igreja. A Igreja é apenas a guardiã, ou seja, a instituição destinada a guardar os ensinos divinos e a divulgá-los para os homens. Não é a Igreja quem cria doutrinas, mas ela apenas transmite aquilo que foi ensinado pelo Senhor Jesus e que é constantemente lembrado e anunciado pelo Espírito Santo ao povo de Deus (Jo.14:26; 16:13-15).
- Isto se torna ainda mais evidente quando vamos ao Novo Testamento e ali observamos que a palavra grega “didaché”, que é a palavra grega para “doutrina”, possui um significado passivo, ou seja, em muitas ocasiões seu significado é “o que é ensinado”, como a demonstrar que a “doutrina” não é algo que seja criação humana, mas, sim, algo que é recebido pelo homem da parte de Deus. A “doutrina”, portanto, não é algo que venha da imaginação ou da mentalidade de um homem, mas, sim, única e exclusivamente aquilo que tem origem em Deus. Não foi à toa que, no mesmo evangelho segundo Mateus, vemos a expressão esclarecedora do Senhor: “aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt.11:29b).
- Este é o mesmo significado que encontramos nos outros dois evangelhos sinóticos. Em Marcos e em Lucas, a doutrina é apresentada como o conjunto de ensinamentos de Cristo, ensinamentos estes que causavam admiração por parte do povo, que também sentia que era um ensino que vinha de quem tinha autoridade, ou seja, de quem vivia aquilo que ensinava (Mc.1:27; 4:2; 11:18; Lc.4:32).
- Não é diferente no evangelho segundo João. Neste evangelho, escrito para mostrar que Jesus é o Filho de Deus, está uma das mais importantes afirmações bíblicas a respeito da doutrina. Interpelado sobre Seus ensinos, o Senhor Jesus limitou-se a dizer: “…A Minha doutrina não é Minha, mas dAquele que Me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dEle, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se Eu falo de Mim mesmo.” (Jo.7:16,17).
- Jesus mostra-nos, claramente, que a Sua doutrina outra não era senão a doutrina do Pai. A doutrina não fala do próprio doutrinador, mas, sim, de Deus e somente quem vivenciar a doutrina, quem nela crer e por ela viver, verá que esta doutrina é a verdade, que esta doutrina é a vontade de Deus. A doutrina é a manifestação da vontade de Deus para o homem. Seguir a doutrina é seguir a vontade de Deus para o homem e é por isso que muitos se têm levantado contra a doutrina, porque ela implica na renúncia do eu, na renúncia do ego, na renúncia de nós mesmos, sem o que é impossível seguir a Jesus (Mt.16:24). Daí porque Jesus foi interrogado pelo sumo sacerdote a respeito de Sua doutrina (Jo.18:19).
- Se temos a doutrina de Cristo, se a seguimos, não podemos, portanto, ser diferentes. A doutrina tem de ser a mesma e, neste passo, os doutrinadores não podem querer aparecer ou dizer o que é certo ou o que é errado, como muitos têm feito e já o faziam nos tempos apostólicos, onde já se registravam doutrinas de homens (Mt.15:9; Mc.7:7; Cl.2:22) e até doutrinas de demônios (I Tm.4:1). Devemos permanecer na doutrina de Cristo, pois quem não persevera nesta doutrina não tem a Deus (II Jo.9).
- Assim como Jó, a Igreja deve reconhecer que os ensinos provêm de Deus e que, portanto, não podemos alterá-los nem tampouco deles nos apropriarmos a ponto de gerarmos novas doutrinas, novos ensinos. É completamente equivocado o ensino de que a Igreja possui um “Magistério” e é capaz de gerar uma “tradição” que tem o mesmo valor da Palavra de Deus, como defendem os romanistas e os ortodoxos. Como grupo social, não há como deixar de verificar que as igrejas locais criam costumes e tradições, que, para não gerar escândalo nem tropeços na vida espiritual dos seus integrantes, devem ser observados. No entanto, tais costumes e tradições jamais podem se equiparar à Palavra de Deus, que é a sã doutrina, o único fundamento da Igreja, que nunca pode ser removido (I Co.3:11). A Igreja é a coluna e firmeza da verdade, tem a missão de sustentar e se manter na verdade, mas não é a Verdade, que é somente Cristo Jesus, seu Sumo Pastor.
- Jesus, certa feita, disse que tinha vindo para trazer vida e vida em abundância (Jô.10:10). Disse, também, que Ele próprio era a vida(Jo.14:6), bem como o pão da vida(Jo.6:48). Ao Se dizer a vida, também disse ser a verdade (Jo.14:6) e a verdade, disse em outra oportunidade, é a Palavra de Deus(Jo.17:17). Por isso, a doutrina, enquanto ensino da Palavra de Deus, só pode, mesmo, ser a fonte de vida, de modo que não tem qualquer sentido alguém vir a dizer que o estudo, o aprendizado da Palavra de Deus seja causa de morte (interpretando, fora de contexto e sem qualquer fundamento, a expressão “a letra mata” de II Co.3:6). Bem ao contrário, é a doutrina quem nos desvia dos laços de morte, pois só o conhecimento da doutrina da Palavra de Deus nos impede de sermos enganados pelas falsas doutrinas, heresias e modismos que proliferam com cada vez maior intensidade à medida que se aproxima o dia da volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
- A Igreja, ao ensinar a sã doutrina, portanto, está sendo motivo de vivificação dos homens, estando aí, aliás, como veremos na próxima lição, um dos elementos fundamentais para o exercício da missão dinâmica da Igreja, ou seja, da manutenção dos crentes como “pedras vivas” do edifício de Deus, do avivamento espiritual. Uma igreja local que não prioriza a doutrina é uma igreja que está se adaptando ao modelo da “igreja de Sardo”, uma igreja que tem nome de que vive, mas que está morta, pois sem doutrina, não há possibilidade de vida espiritual (Ap.3:1).

II – IGREJA: COLUNA E FIRMEZA DA VERDADE

- Pelo que pudemos observar pelas referências bíblicas relacionadas à doutrina, esta é uma das principais tarefas da Igreja, que foi mesmo denominada de “coluna e firmeza da verdade” (I Tm.3:15). Uma das razões de ser da Igreja, portanto, é a de sustentar e manter a Palavra de Deus, que é a Verdade (Jo.17:17).
- A palavra “coluna” traduz o grego “stylos” (στυλος), cujo significado vem da arquitetura e da engenharia. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “coluna” é “suporte vertical, cilíndrico ou quase cilíndrico, usado como ornato em edificações e monumentos ou como elemento de sustentação para partes elevadas de um edifício, abóbadas, arcos etc., e consta geralmente de base ou pedestal, fuste e capitel.” A palavra vem do latim “columna”, que tem a mesma origem de “columen”, que deu origem à palavra “cume”, que significa topo, ponto mais alto e elevado.
- Como podemos verificar, uma “coluna” é uma peça que tem o papel de suportar algo, de sustentar algo que está acima de si. É ela quem mantém de pé aquilo que é sustentado, estando ela própria numa posição vertical. Ao se dizer que a Igreja é a coluna da verdade, a Bíblia Sagrada mostra-nos, em primeiro lugar, que a Igreja deve se manter em pé, não pode se dobrar, não pode se manter curvada, mas deve se manter com firmeza sobre o solo, a fim de poder sustentar aquilo que está acima de si, que é a verdade.
- Estar de pé é uma exigência de todo aquele que pertence à Igreja (I Co.10:12). Estar em pé é não cair, ou seja, estar em pé é se manter fiel a Deus, não ceder ao pecado nem às tentações, pois cair é se submeter, novamente, à vontade da carne, ao domínio do pecado e do mal (Mt. 6:13 APF, NVI, TB). Estamos em pé quando mantemos a nossa fé em Deus (II Co.1:24). Estamos em pé quando tomamos cuidado de nós mesmos e somente o fazemos quando tomamos cuidado da doutrina (I Tm.4:16).
- Para ser coluna, é preciso que tomemos a posição vertical. Mas a coluna somente toma a posição vertical se estiver fundada em um solo forte, resistente, que possa lhe dar fundamento. A coluna, para ficar em pé, deve estar sobre a rocha (Mt.7:24). Somos postos na rocha quando aceitamos a Cristo como nosso Senhor e Salvador e retirados do charco de lodo do pecado (Sl.40:2). Mas, depois de ali termos sido postos por Deus, é necessário que firmemos os nossos passos e isto somente se dá quando confiamos em Deus e passamos a demonstrar esta nossa fé nEle mediante a guarda dos Seus mandamentos, pois só assim permaneceremos no Senhor (Jo.15:10). É desta maneira que, devidamente fundados em Cristo, a pedra principal de esquina (I Pe.2:6), deixamos o mundo de trevas e passamos para a luz (Jo.3:21). Tornamo-nos, assim, luz e, como toda luz, não ficamos escondidos debaixo do alqueire, i.e., de uma vasilha (Mt.5:15), mas somos colocados numa posição vertical, para sermos vistos pelos homens, assim como as colunas eram vistas nas edificações dos tempos apostólicos, nas construções do chamado período helenístico (período iniciado com Alexandre, o Grande e que vai até a queda de Roma, entre os séculos III a.C. e V d.C.). Ao assumirmos a posição vertical, passamos a ser vistos por todos, tornamo-nos a luz do mundo e nossos passos e obras são presenciados por todos, pois estamos no velador, isto é, no candeeiro, que, como sabemos, é a figura da Igreja, não só a universal como também a local (cfr. Ap.1:20).
2.1 – A Igreja e a prática da sã doutrina
- Temos, pois, que o primeiro papel da Igreja, como coluna da verdade, é a de praticar a sã doutrina, seguir os ensinamentos de Cristo Jesus, produzir o fruto do Espírito Santo, guardar as Suas palavras. A doutrina inicia-se não apenas pelo aprendizado intelectual, pelo ouvir a Palavra de Deus, mas pela prática, pela sua observância, por um viver de acordo com a vontade do Senhor. A sã doutrina deve ser sustentada, em primeiro lugar, pelo testemunho da Igreja, por uma vida que corresponda ao que é ensinado pela Palavra de Deus.
- Com Jesus, nosso exemplo (I Pe.2:21), não foi diferente. A multidão ficou admirada de Sua doutrina não pelo que Ele dizia, mas, principalmente, pela autoridade demonstrada no ensino (Mt.7:28,29), autoridade esta que se resumia a um fator muito simples: Jesus, ao contrário dos escribas e fariseus, vivia o que ensinava (Mt.23:2,3). De igual modo, a Igreja, corpo de Cristo, tem de viver aquilo que prega, sem o que não poderá se constituir em coluna da verdade, pois a coluna tem de estar na posição vertical e, se não viver o que pregar, o que ensinar, estará a pecar e o pecado fará com que a igreja local ou o crente, individualmente considerado, esteja prostrado, caído, sem ter como se erguer e levantar.
- A falta de uma vida de santidade, de uma vida separada do pecado é o primeiro fator para que se levantem, no meio do povo de Deus, falsos mestres e falsos doutores. Como nos ensina o apóstolo Paulo, os falsos doutores surgem porque há pessoas que querem viver de acordo com as suas concupiscências, ou seja, de acordo com os seus pecados (II Tm.4:3,4).
- É verdade que o surgimento dos falsos mestres, doutores e profetas é um fenômeno relacionado com o término desta dispensação, algo predito pelas Escrituras, mas não devemos nos esquecer que sua proliferação está diretamente vinculada ao esfriamento do amor de quase todos os cristãos (Mt.24:12). O esfriamento do amor nada mais é que deixar de observar a sã doutrina, pois a prova que damos de que amamos a Jesus é por meio da obediência à Sua Palavra (Jo.14:15; 15:9,10).
- Nestes últimos dias, muitos têm permitido que o pecado venha a esfriar o seu amor a Deus e, como conseqüência disto, passam a amar o mundo e o que no mundo há, numa clara demonstração de que o amor do Pai já neles não está (I Jo.2:15). Em virtude disto, como amam o mundo e o pecado (pois no mundo só há a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – I Jo.2:16), não aceitam mais sofrer a sã doutrina, não querem saber de viver separados do pecado e, por isso, enganam-se a si mesmos amontoando para si falsos doutores, que tragam mensagens que os estimule a continuar pecando, achando que, mesmo assim, poderão servir a Deus.

2.2 A falta de amor a Deus é a razão da proliferação das falsas doutrinas
- Assim, um dos principais motivos para a proliferação dos falsos mestres, apóstolos, profetas e doutores nos nossos dias é a circunstância de que há cada vez mais pessoas que estão a esfriar o seu amor para com Deus, a deixar de observar a doutrina, a deixarem a sua posição vertical de colunas, para se prostrarem ao pecado e ao mal, pois quem pratica o pecado, torna-se servo dele (Jo.8:34).
- A primeira característica da Igreja como coluna da verdade é, portanto, manter-se fiel ao Senhor, obediente à Sua Palavra, separando-se do mal e do pecado, mantendo-se como o remanescente fiel, que não contaminou os seus vestidos e que, por isso, andarão de branco com o Senhor (Ap.3:4). A preservação da doutrina depende, em primeiro lugar, portanto, da observância da Palavra de Deus, de santidade, de sinceridade de vida, de uma vivência das Escrituras Sagradas.
- Mas a coluna não só tem de estar fundada na rocha e se manter numa posição vertical, como também deve ser o elemento de sustentação do que lhe está acima, “in casu”, da verdade. A Igreja não só deve estar em pé, mas deve sustentar a verdade.
- “Sustentar” é “segurar por baixo, carregar com o peso de; suster, suportar; evitar a queda, manter o equilíbrio de; segurar no alto, levar nas mãos; portar, carregar; manter a resistência a; resistir, agüentar(-se); dar ou receber alimentação; alimentar(-se), nutrir(-se); matar a fome; satisfazer por muito tempo as necessidades de alimento”.
- A Igreja tem o dever de carregar o peso da Palavra de Deus, o que Jesus denominou de “tomar a cruz” (Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23). Quem não toma a cruz, não pode ser considerado discípulo de Cristo (Mt.10:38; Lc.14:27).
- Suportar a Palavra de Deus, tomar a cruz nada mais é que observar a Palavra de Deus no dia-a-dia, demonstrar a sua fé em Cristo fazendo aquilo que Ele nos manda em Sua Palavra, ainda que isto represente desvantagens momentâneas e temporárias. Cumprir a Palavra de Deus tem um peso, traz um grande ônus para o servo do Senhor. Por isso, tanto Ezequiel quanto João, quando instados, em visão, a comer um livrinho, verificaram que este livro, era doce como mel em suas bocas (Ez.3:3; Ap.10:9), mas, para João, o livrinho tornou-se amargo no seu ventre (Ap.10:10). Isto nos diz que falar a Palavra de Deus é algo suave, agradável, mas cumpri-la é difícil e causa constrangimentos, dissabores e aflições.
- No entanto, a coluna é feita para suportar o peso do que lhe está acima. A Igreja foi feita para suportar o peso da Verdade, ou seja, de Cristo, da Palavra de Deus. Por causa desta obediência às Escrituras e do amor a Cristo, que se mostra e prova pela guarda de Seus mandamentos, temos de tomar a cruz e sofremos o ódio de todos quantos nos cercam e que, por não terem qualquer compromisso com o Senhor e com a verdade, perseguem-nos e querem apenas o nosso mal (Jo.15:18-23). Como corpo de Cristo, assim como a cabeça, nada temos com o príncipe deste mundo (Jo.14:30).
- A Igreja, portanto, tem de suportar o peso da Palavra de Deus e sofrer a inimizade do mundo e viver em constante luta com os valores, crenças e princípios mundanos. A coluna da verdade suporta a doutrina, agüenta o peso da Palavra de Deus e nada tem com o mundo ou com o pecado. Quem procura contemporizar com o pecado, quem procura conviver com o mundanismo e apresenta tolerância com a concupiscência, já não é mais coluna, pois a coluna tem de suportar a verdade e não a mentira.
- Prega-se, hoje em dia, um Evangelho de facilidades, de prosperidade, de leveza, de “sombra e água fresca”. Este, porém, não é o genuíno e autêntico Evangelho. O Evangelho pregado por Cristo exige de nós que tomemos a cruz e que estejamos em constante batalha contra as portas do inferno (Mt.16:18; Ef.6:12). Ser coluna é suportar a Verdade, é suportar a sã doutrina, não o pecado. Não podemos aceitar as astutas ciladas do diabo, que procura estabelecer “tréguas” e “cessar-fogo” com os crentes, engodando-os, pois não é possível haver comunhão entre a luz e as trevas.
- Os que não suportam mais a sã doutrina, como já se disse supra, acabam amontoando para si doutores conforme as suas próprias concupiscências, acabam negando o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmo repentina destruição (II Pe.2:1). Deixam de adorar a Deus e preferem desfrutar da glória efêmera dos reinos deste mundo, adorando ao diabo, o deus deste século, ainda que indiretamente (Mt.4:8,9). São as astutas ciladas do adversário que, infelizmente, têm seduzido a muitos.
- Uma das grandes armadilhas lançadas pelo adversário para fazer com que muitos deixem de suportar a Verdade são as riquezas desta vida. Quem ama as riquezas (denominadas nas Escrituras de “Mamom”), jamais amará ao Senhor (Mt.6:24) e, por isso, muitos, querendo ser ricos, caem em tentação, em laço e em muitas concupiscências nocivas e loucas (I Tm.6:9). Não suportam, assim, a doutrina, pois não amam mais a Deus e, por isso, passam a amar as riquezas desta vida, a amar o dinheiro. Seu fim, infelizmente, será a perdição eterna, pois se desviam da fé (I Tm.6:10), ficando do lado de fora da Jerusalém celestial, já que todo avarento é idólatra (Cl.3:5; Ap.21:8; 22:15).
- Aqueles, porém, que suportarem a Verdade, que agüentarem as dificuldades da vida, mesmo as de ordem econômico-financeira, estes serão vencedores e estarão com o Senhor para todo o sempre, pois devemos ajuntar o nosso tesouro no céu (Mt.6:20,21).
- Sustentar é, também, portar, carregar, levar nas mãos, manter a resistência, resistir. A Igreja tem o dever de carregar a Verdade, de proclamar a Verdade, de resistir com a Verdade a todos os ataques da mentira, a todos os dardos inflamados do inimigo. A Bíblia é clara ao dizer que devemos resistir ao diabo e que só assim ele fugirá de nós (Tg.4:7; I Pe.5:8,9).
- A resistência ao diabo dá-se através do uso da Palavra de Deus, da sua proclamação, do seu ensino, como Jesus nos provou quando de Sua tentação. A Igreja deve sempre, em todas as ocasiões, proclamar a Palavra de Deus e dizer aos homens qual é a vontade de Deus sobre todo e qualquer assunto, sobre toda e qualquer questão que se levante entre os homens.
- A Igreja deve manter-se intolerante com o pecado, o que não significa que deva ser intolerante com os pecadores. A Igreja não pode se excluir da sociedade, pois está no mundo, mas jamais pode compactuar com o pecado, pois não é do mundo. Cabe à Igreja sempre manter-se como porta-voz do Senhor, resistindo bravamente a toda investida do adversário, a toda distorção das Escrituras, a toda heresia e falsa doutrina que se apresente.
- A Igreja é o sal da terra e, como tal, deve preservar o alimento, impedir a sua deterioração. Não deve permitir que a sã doutrina, formada pelos asmos da sinceridade ( I Co.5:8), seja misturada com o fermento dos fariseus(Mc.8:15; Lc.12:1). Por isso, tem a Igreja de defender a doutrina, de contradizer todo e qualquer ensinamento falso, mostrando, nas Escrituras, a Verdade e a vontade de Deus aos homens.
- Ser coluna da verdade é defender a verdade, é defender a fé cristã. Temos aqui a chamada “missão apologética da Igreja”. A Igreja deve defender a sã doutrina, mostrando aos hereges, uma e outra vez, onde estão errados, a fim de que possam se converter e retornar à ortodoxia doutrinária, mas sem contender e sem criar pelejas e debates intermináveis, que não produzam qualquer edificação. É por isso que o apóstolo Paulo recomenda a Tito que admoeste o herege uma e outra vez, mas que, depois, verificada a sua apostasia, seja ele evitado, pois debates intermináveis, polêmicas doutrinárias não devem ser perseguidas quando se verifica que não produzirão qualquer edificação espiritual, pois o convencimento não se dá por força do intelecto ou da razão humanas, mas única e exclusivamente por meio do Espírito Santo (I Tm.1:3,4; 6:3-5).
- Vivemos dias de proliferação dos falsos ensinos, que surgem a cada instante em número cada vez maior, pois o espírito do anticristo já está à solta para enganar a tantos quantos negligenciem no estudo da doutrina (II Ts.2:7-12; I Jo.2:18,19; 4:1-3). Muitos, no entanto, apesar desta situação lamentável, têm se deixado intimidar pelo adversário e, covardemente, se calam diante das distorções doutrinárias, permitindo, inclusive, que verdadeiras “sinagogas de Satanás” sejam erigidas em suas igrejas locais (Ap.2:9; 3:9), tornando-as em verdadeiras “abominações da desolação” (Mt.24:15). Como os sacerdotes apóstatas dos dias dos Macabeus e dos dias de Jesus, permitem que a casa de Deus deixe de ser casa de oração para ser covil de ladrões (Mt.21:13), para ser a abominação da desolação (Dn.11:21). Estes tímidos, porém, pagarão caro por sua covardia, pois ficarão do lado de fora da Jerusalém celestial (Ap.21:8). Devemos, assim como o profeta, cuidar para sempre tirar a morte que se introduza dentro da panela (II Rs.4:40,41).

OBS: “…1.TÍMIDOS. Acreditamos que os tais sejam os apóstatas que, por covardia, viraram as costas ao combate da fé e que, em tempo de tribulação, abandonaram a Criusto e Seu testemunho, a fim de salvarem a pele. Negaram a Cristo na terra e, em conseqüência disso, serão negados no céu (Mt.10:33)…” (SILVA, Severino P. da. Apocalipse versículo por versículo. 3.ed., p.267).

Cumprindo o que havia sido profetizado por Daniel, em Dn.11:21, o rei sírio Antíoco, o Grande, profanou o templo de Jerusalém, com a aquiescência da cúpula sacerdotal que havia apostatado do judaísmo, em 175 a.C., estabelecendo um culto ao deus grego Zeus. O templo seria retomado pelos judeus em 166 a.C. e novamente dedicado a Deus, o que deu ocasião ao surgimento da festa da dedicação, mencionada em Jo.10:22. Este episódio histórico é figura do que o Anticristo fará com o terceiro templo, na metade da Grande Tribulação.

- A Igreja deve ter amplo conhecimento da Palavra de Deus, grande experiência com Deus através da prática da sã doutrina, para, com ousadia, proclamar a Verdade e defendê-la diante dos homens e de suas vãs filosofias, crendices, mitologias, religiões e doutrinas, cada vez mais numerosas. Entretanto, para que possamos defender a Bíblia, é preciso que creiamos nela. A timidez somente desaparece quando surge a fé (Mc.4:40). É preocupante, porém, vermos hoje quantos mestres nas igrejas locais titubeiam e são visivelmente duvidosos no seu contacto com a Bíblia Sagrada. Ensinam sem convicção e, não raras vezes, procuram esconder sua ignorância e falta de fé em expressões como “isto é mistério”, quando não recorrem à “tábua de salvação” mais comum que é Dt.29:29. Isto, porém, não é ser coluna da verdade, não é suportar a verdade, não é resistir, não é defender a Palavra de Deus. A estes claudicantes, repetimos as palavras do Senhor a Tomé: “…não sejas incrédulo, mas crente.” (Jo.19:27 “in fine”).

- Sustentar tem o significado de nutrir, alimentar, matar a fome, satisfazer por muito tempo as necessidades de alimento. A Igreja tem de alimentar os homens com a Palavra de Deus, pois a Palavra do Senhor verdadeiramente é comida (Jo.6:55). Não podemos viver espiritualmente sem o pão da vida, sem Jesus Cristo, que é o Verbo de Deus (Jo.1:1;6:35,48). Ser coluna da verdade é ministrar a Palavra ao povo, é matar-lhe a fome e sede da Palavra de Deus, mantê-lo alimentado para o cotidiano de luta contra o mundo e o mal até a volta de Cristo. Por isso, os apóstolos dedicavam-se com zelo e prioridade ao ministério da Palavra (At.6:2,4).

- Todavia, como não deixamos de escrever seguidamente neste espaço, não é isso que temos presenciado em muitas igrejas locais, onde, como diz o professor Aristóteles Torres de Alencar Filho, há cada vez mais “louvorzão” e cada vez mais “palavrinha”. Muitos não têm mais alimentado o povo com a sã doutrina, com a Palavra de Deus e o resultado é que muitos são crentes subnutridos ou desnutridos, cristãos que estão irremediavelmente comprometidos na sua saúde e desenvolvimento espirituais.

- O escritor aos hebreus foi claríssimo ao mostrar que o risco da apostasia que rondava aqueles crentes a quem escreveu a epístola era resultado direto de um crescimento espiritual defeituoso, conseqüência da falta de uma instrução doutrinária condizente (Hb.5:12-6:3). De igual modo, o apóstolo Paulo apontou que os problemas sérios vividos pela igreja em Corinto era, também, produto de um defeituoso crescimento espiritual (I Co.3:1-3).

- Ser coluna da verdade é ministrar a Palavra, nutrir o povo de Deus com a Palavra, ensinar a Palavra, pregar a Palavra, admoestar e exortar com a Palavra. Entretanto, nos dias em que vivemos, o tempo da Palavra vai diminuindo dia após dia em nossas reuniões, que, cada vez mais, é ocupado por um sem-número de atividades, cujo único propósito é enfraquecer o povo de Deus, que, sem Palavra, seguirá sendo um povo espiritualmente desnutrido. Desnutrir nada mais é que nutri-se mal, de forma inadequada, que deixar de se nutrir, que definhar por falta de alimentação apropriada ou por falta de víveres.

- Quando falamos em desnutrição, logo nos vêm à mente as figuras daqueles crianças esqueléticas do continente africano, testemunhas vivas do horror da fome, a grande vergonha da humanidade, a grande face da perversão gerada pelo pecado no meio dos homens. Espiritualmente, estejamos certos, o Senhor vê muitos crentes em iguais condições, que estão a perecer de forma cruel no aspecto espiritual, porque não têm sido corretamente nutridos nas suas igrejas locais. Vivemos praticamente os dias profetizados por Amós, que dizia que haveria tempo em que haveria fome e sede, não de pão, mas de ouvir a Palavra de Deus (Am.8:11,12).

- Mas, além de sustentar o que lhe está acima, a coluna também põe em evidência aquilo que está acima, tanto que a coluna fica imperceptível ante ao que lhe está acima. A coluna é feita para fazer sobressair e para que no topo esteja aquilo que está a sustentar. Assim também, a Igreja não é feita para aparecer, não é feita para se sobressair, mas para que todos vejam, bem acima, em posição superior, a Verdade, ou seja, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

- A Igreja é coluna da verdade e, portanto, faz sobressair o seu Senhor, faz com que os homens vejam a Cristo Jesus em Sua posição de majestade e glória. Quando executamos as boas obras decorrentes de nossa vida de comunhão com Deus, não somos nós quem aparecemos, mas, sim, o nosso Pai que está nos céus, que é, então, glorificado pelos homens (Mt.5:16). Somos apenas luzeiros (Fp.2:15 ARA), verdadeiros espelhos que refletem a glória de Deus(II Co.3:18), pois desaparecemos, já que não mais vivemos, mas Cristo vive em nós (Gl.2:20).

- Como são, portanto, totalmente diferentes da Igreja estes movimentos que se valem das imagens de homens, das chamadas “lideranças-ícone” para terem sucesso e êxito no meio dos homens. Querem que seus movimentos apareçam, que seus líderes apareçam, insistindo mesmo que há a necessidade de ficarmos debaixo de “coberturas apostólicas”, de “unções dos líderes”, para termos comunhão com o Senhor, como se existissem outros mediadores. Devemos tomar todo cuidado com o “culto da personalidade” que tem grassado em muitas igrejas locais, pois isto é idolatria e algo que nada tem que ver com o projeto divino para a Igreja, que é a de ser coluna da verdade, ou seja, de fazer sobressair única e exclusivamente o nome do Senhor Jesus. Somos colunas, por isso, somos vistos pelos homens, mas eles não se impressionam conosco, mas, sim, com a Verdade que sustentamos, com o Rei dos reis e Senhor dos Senhores. Aleluia!

- Quando se deixa de dar o primeiro e único lugar ao Senhor Jesus, a doutrina é, fatalmente, deixada de lado e começam a surgir “revelações”, “evangelhos” e tantas invencionices humanas, para ocupar o lugar da sã doutrina. Nesta vaidade de algumas lideranças, que tomam para si, indevidamente, a glória que somente caberia a Deus, também se manifesta a heresia, pois é próprio dos falsos mestres, doutores, apóstolos e profetas quererem ser o centro das atenções, ter seus discípulos à sua volta, o que faz com que, definitivamente, não se esteja diante de porção da única coluna da verdade.

- Mas a coluna, também, tem uma característica, que, aliás, é a que distingue do pilar: a coluna é usada como ornato em monumentos ou edificações, ou seja, serve para embelezar uma edificação, uma construção, tendo formas e proporções que realçam este papel estético, algo que não há no pilar, que é mero elemento de sustentação. Sendo coluna da verdade, a Igreja serve para embelezar a verdade, ou seja, tem como função tornar agradável, atraente e formoso o Senhor Jesus, que é a Verdade.

- Em Seu ministério terreno, Jesus nunca Se distinguiu pela aparência física. O profeta Isaías afirma que Ele não tinha parecer nem formosura (Is.53:2). Muitos procuram dizer que a cena descrita pelo profeta era a cena da paixão e morte do Senhor, quando já Se encontrava desfigurado pelas agressões violentas da soldadesca romana, mas o fato é que nada há nas Escrituras que demonstrem que Jesus Se distinguisse por Seu aspecto físico, tanto que o traidor Judas Iscariotes precisou beijar o Senhor para que os soldados judeus O prendessem (Mt.26:48; Mc.14:44).

- A beleza do Senhor diz respeito à Sua glória, como se vê no Monte da Transfiguração ou na Sua aparição na ilha de Patmos ao apóstolo Paulo. É esta beleza que deve ser realçada pela Igreja. Faz parte da missão da Igreja sobre a face da Terra, o realce da glória de Deus, da formosura da santidade e do amor do Senhor. Por isso, deve a Igreja dedicar-se à doutrina pois, através dela, poderá fazer com que os homens possam ver a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus (II Co.4:4).

- Tudo o que de belo há para ser contemplado pela humanidade tem sua origem em Deus, como podemos verificar quando da contemplação da criação, das matas, florestas, paisagens naturais em geral, dos céus com seus corpos e astros. Assim também, a Igreja, ao ser contemplada pelos homens, faz com que vejam a glória divina, a formosura do esplendor da glória de Deus, motivando, assim, o desejo e a esperança dos homens de poderem, uma vez mais, desfrutar da comunhão com o Senhor, arrependendo-se dos seus pecados.

- A Igreja é a expressão desta beleza espiritual, é espelho da glória de Deus e, por isso, desde sempre, é vista pelos incrédulos como um povo diferente e que, apesar das perseguições e incompatibilidades, é visto em grande estima (At.5:13).

- A importância de a Igreja ser a coluna da verdade sobre a face da Terra se ressalta na própria expressão do Senhor Jesus na Sua carta à igreja de Filadélfia, quando promete, aos vencedores, que eles serão “coluna no templo do Meu Deus” (Ap.3:12). Somente quem tiver sido coluna da verdade sobre a face da Terra será digno de ser “coluna no templo de Deus” na Jerusalém celestial. Ser coluna, como adianta o Senhor, é receber o nome de Deus, o nome da cidade de Deus e o novo nome do Senhor. Quem é coluna, como já vimos, não tem desejo de aparecer, quer apenas glorificar ao Senhor e, por isso, ao adentrar nos céus, vitorioso, receberá o nome de Deus, o nome da Jerusalém celestial e o novo nome de Cristo, pois terá servido fielmente ao Senhor e, como foi fiel no pouco, também o será no muito (Mt.25:21,23).

- Mas a Igreja não é só coluna da verdade. É também firmeza da verdade. A expressão “firmeza” é tradução do grego “hedraioma” (έδραίωμα), que significa “fundamento”, “alicerce”, “apoio”, “baluarte”. Esta expressão mostra-nos que o Senhor conta com a Sua Igreja para mostrar-Se ao mundo sem Deus e sem salvação. Assim como a Igreja ergue bem alto o Senhor para que todos O admirem e nEle creiam, por intermédio do testemunho, da obediência, da defesa e da glorificação do Senhor, Jesus, também, atua, por intermédio da Igreja, para confirmar a Palavra, para comprovar, por meio de sinais e maravilhas, que a Igreja está a dizer o que é verdadeiro.

- Ser “firmeza da verdade” é ser instrumento do Senhor para confirmação de tudo quanto tiver sido pregado e ensinado. Por isso, quando os discípulos partiram por todas as partes, pregando a Palavra, o Senhor Jesus com eles cooperou, operando sinais e maravilhas, para confirmação da pregação do Evangelho (Mc.16:20).

- Ser “firmeza da verdade” é ter a experiência do poder de Deus na vida da Igreja, é se pôr à disposição do Senhor, em inteira certeza de fé, para que Jesus, dentro de Sua vontade soberana, atue de modo a confirmar tudo quanto for pregado. Cabe à Igreja deixar-se usar pelo Senhor, confiar na Sua Palavra e fazer tudo aquilo que Ele tem mandado. Foi assim que fizeram os discípulos, é assim que têm os servos do Senhor feito durante estes quase dois mil anos de história da Igreja.

- O apóstolo Paulo pôde dizer aos irmãos que estavam em Corinto que a sua pregação não havia consistido apenas de belas palavras persuasivas, de uma técnica retórica que o apóstolo, formado na escola filosófica de Tarso, certamente tinha domínio. Paulo, porém, tinha plena convicção que sua pregação fora confirmada pelo Senhor com demonstração de poder e do Espírito Santo (I Co.2:4), porque era ele “firmeza da verdade”, a base sobre a qual o Senhor poderia cooperar e confirmar a pregação do Evangelho.

Conclusão:
- A doutrina, portanto, traz manifestação do poder de Deus, ao contrário do que muitos “fervorosos” têm pregado e afirmado nos nossos dias, especialmente entre os que se dizem “pentecostais”. O poder de Deus é conseqüência de uma estruturação doutrinária, é uma confirmação de uma vida feita com prioridade e base na Palavra do Senhor. Fora disso, teremos, muito certamente, um misticismo inócuo e que, como se tem visto ao longo dos séculos e, particularmente, nos dias em que vivemos, se degenera em feitiçaria e paganismo travestido de pregação do Evangelho.

- Temos sido coluna e firmeza da verdade? Estamos de pé diante do Senhor? Temos mostrado Cristo em nossas vidas? Temos defendido a Palavra de Deus? Temos impedido que a heresia e o mundanismo penetrem em nossas igrejas locais? Tomemos cuidado de nós mesmos e da doutrina.
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A Unidade Cristã

Autor: Marcos A. F. Martins

"...haverá um rebanho e um Pastor" (João 10:16)
Fala-se muito atualmente em união de igrejas, aproximação das denominações, cooperação entre cristãos, unidade na diversidade, etc., sem se atentar ao que dispõe a Bíblia sobre a verdadeira união. Antes de nos unirmos a determinadas denominações evangélicas, devemos ter em mente aquilo que Deus estabeleceu como a verdadeira unidade do corpo de Cristo.

A Unidade É Pela Verdade

Como exórdio ao presente estudo, devemos ressaltar que a unidade cristã é bíblica e, portanto, deve ser buscada pelos membros do Corpo de Cristo (embora essa unidade não decorra da mera vontade humana). Orando ao Pai, Jesus disse:"Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. ... E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste" (João 17:11, 20 e 21). Essa idéia de unidade do corpo de Cristo resulta da idéia central da Tri-Unidade de Deus. Por isso que o apóstolo Paulo declarou:"Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão" (1 Coríntios 10:17).
A unidade do Corpo de Cristo permite a união dos desiguais: "Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. ... E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo" (1 Coríntios 12:13-14 e 19-20). Paulo assim escreve para demonstrar que cada membro do corpo é diferente um do outro, mas forma uma unidade: uns são mãos, outros, pés, outros olhos, assim por diante - não somos todos apenas um membro do corpo, mas vários membros formando um só corpo: "E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários; ... Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele." (vs. 21-22; 25-26).
O cristianismo é, sobretudo, uma religião baseada na união - união de gregos e troianos, judeus e gentios, negros e brancos, ricos e pobres, todos unidos numa só fé - mas não tolera a conjunção entre o certo e o errado, a verdade e a mentira, a luz e a escuridão. Assim, a unidade cristã se dá PELA verdade bíblica universal, a Palavra viva, santa e imutável de Deus. Na sua oração pela unidade, Jesus disse: "Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam; ... Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade." (João 17:8 e 17). Se não for PELA Palavra de Deus não haverá unidade cristã verdadeira. Portanto, a unidade não deve ser meramente espiritual, mas também bíblico-doutrinária, mediante a uniformidade da fé.

A Unidade É Para a Verdade

Muitos pastores e líderes buscam a unidade em meio ao erro doutrinário, o que contradiz a Palavra de Deus. Essa "unidade", na realidade, agrada muito mais aos homens do que a Deus. Não falo das pequenas diferenças existentes no meio cristão (pois, como dissemos, cada membro do corpo é desigual), que não comprometem a sã doutrina, mas daquelas que possam afetar a verdade bíblica. Por exemplo: como poderei andar com um irmão que vive de "revelações" e que coloca as suas experiências pessoais acima da Bíblia, se eu creio que a Bíblia é a minha única regra de fé e conduta? Ou como poderei participar de uma igreja que ensina um outro evangelho (do cristianismo fácil, da busca de sucesso material, da salvação condicionada ao mérito pessoal, do curandeirismo, da realização de "sinais e prodígios", do G12, etc.) se prego a simplicidade do evangelho de Cristo? "Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" (Amós 3:3).
Respeito muito o trabalho daqueles que buscam a unidade no meio evangélico, mas esse trabalho será em vão se não for PARA A VERDADE, por obra e vontade do nosso Deus: "Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela." (Salmos 127:1). O nosso dever de afastamento daqueles que se desviaram da verdade é muito mais bíblico do que a busca pela unidade a qualquer custo: "E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles." (Romanos 16:17). Essa admoestação não se dirige à observação somente dos "hereges", mas também contra os que promovem "dissensões" doutrinárias, "Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples." (v. 18). Lembre-se bem deste conselho: "Compra a verdade, e não a vendas." (Provérbios 23:23a).

A Unidade É Mediante a Fé

Se cremos todos em conformidade de fé (essa é a unidade que deve ser buscada - a unidade da fé), há união cristã verdadeira, ainda que distâncias nos separem. Paulo ensina que devemos nos suportar uns aos outros em amor, procurando guardar a UNIDADE DO ESPÍRITO pelo vínculo da paz (Efésios 4:2-3). Para isso, foi-nos dado "uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos ...Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente." (Efésios 4:11-14). Note bem que essa unidade da fé não comporta variações doutrinárias, porque senão nos tornaríamos como meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina. Havendo a unidade de fé, todo o corpo de Cristo se torna bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas (v. 20), isto é, sem divergências doutrinárias relevantes.

A Unidade Ocorre na Separação

A união cristã verdadeira somente existirá separando-se o joio do trigo. Da mesma maneira que não devemos nos prender a um jugo desigual com os infiéis (2 Coríntios 6:14), de igual forma não podemos nos associar com os que promovem dissensões doutrinárias. Essa unidade do ponto de vista bíblico se dará exclusivamente se houver total separação. Contradição? Não, pois a verdade não se coaduna com o erro; não existe unidade em meio à discórdia.
O Pr. Ron Riffe, no maravilhoso artigo intitulado "A Doutrina Bíblica da Separação", publicado no Jornal Sã Doutrina (JARF) nº 10 (março/2003), pg 3, citando 2 Tessalonicenses 3:6, 11 e 14-15, lembra que "alguns crentes de Tessalônica estavam com a falsa idéia que o arrebatamento ocorreria em um futuro próximo. Muitos deles venderam suas propriedades, abandonaram seus empregos e ficaram ociosos, esperando o retorno do Senhor. Enquanto aguardavam, alguns recusavam-se a trabalhar pela comida que recebiam, enquanto outros ficavam se metendo na vida alheia". Paulo então os adverte:
"Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu. ... Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. ... Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão." (2 Tessalonicenses 3:6, 11 e 14-15).
Observe bem: todos aqueles que promoviam aquela desordem eram crentes em Cristo, esperavam a salvação em Jesus, criam na Bíblia, enfim, podiam ser chamados de "irmãos". Mas andavam desordenadamente (isto é, "marchando em outro ritmo", conforme explicado pelo pastor Riffe), contra a própria tradição apostólica. Qual a semelhança dos tessalonicenses para os crentes hodiernos que praticam coisas contrárias à sã doutrina? Nenhuma, pois ambos andam "desordenadamente". Devemos, pois, nos misturar com os que acreditam em coisas que reprovamos à luz da Bíblia? Ou será que teremos de admitir que eles estão certos e que nós estamos errados? Como nos entenderemos, estando nós em desacordo?

Apartai-vos Deles

Se você acha estas palavras duras e exegeticamente erradas, perdoe-me a franqueza, mas está se opondo ao próprio Deus, que deseja separar um povo santo para sua exclusiva glória e autoridade. A verdade é que, embora possamos considerar muitos deles como irmãos (assim os considero com fundamento em Mateus 24:24 e 2 Tessalonicenses 3:15), devemos nos afastar dos que não estão de acordo com a sã doutrina, para que não haja confusão doutrinária. Não sou eu quem diz, mas o próprio apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santos de Deus. A confusão doutrinária no meio cristão é semelhante à balbúrdia ocasionada pela multidão em alvoroço - ninguém se entende e cada um segue desordenadamente. Se eles estão dispostos a nos ouvir, aí sim poderá haver uma aproximação e, quiçá, até a almejada união (eu também a desejo, mas com a verdade).
O apóstolo Paulo ainda demonstra que devemos nos afastar daqueles que se desviaram da sã doutrina: "Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado" (Tito 3:10-11). Certamente o texto fala de heresias; mas, não são heresias as muitas coisas que se pregam em determinados círculos evangélicos? Lembramos que muitas das igrejas com as quais se almeja a união saíram do nosso meio. Por que? "Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós." (1 João 2:19). Saíram de nós por desacordo - voltaremos a nos unir com eles ainda em desacordo?
Várias são as admoestações bíblicas no sentido da separação mesmo: "Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais." (1 Timóteo 6:3-6). "Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras." (2 João 1:9-11)

Conclusão

Infelizmente, sempre haverá dissensões doutrinárias no meio evangélico - o joio crescerá entre o trigo para, finalmente, ser arrancado e lançado fora (Mateus 13:30). E isso é necessário até mesmo para que se levantem os que são leais à sã doutrina: "E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós." (1 Coríntios 11:19); os que não são leais à sã doutrina farão de tudo para alcançarem a união fora dos padrões bíblicos e muitos "leais" poderão se influenciar pela falsa união. No entanto, devemos nos separar dos contradizentes e dos que estão em desacordo com a [única] verdade, sob pena de estarmos agradando ao nosso próprio ventre, aos homens e de desobedecermos a Deus. Ora, "mais importa obedecer a Deus do que aos homens" (Atos 5:29). Essa unidade não pode ser a que almeja nossos corações e nem a que vislumbra nossos olhos humanos, mas deve estar centrada na Palavra da Verdade e se conformar com a vontade divina. Por esse motivo, o líder cristão deve seguir "Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes." (Tito 1:9).
Deus nos abençoe!






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